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sábado, 2 de março de 2024

Trabalhos Avulsos - Capítulo 59 - Caio Durazzo Trio - "Uma tarde de 2023, com sensação de 1957" - Por Luiz Domingues

Foi em meados de fevereiro de 2023, que eu recebi um recado do excelente guitarrista, Caio Durazzo, a me formular um convite para que eu participasse de uma apresentação do seu ótimo grupo de Rock'n' Roll/Rockabilly, "Caio Durazzo Trio" em um evento a ser realizado em abril do mesmo ano. Na ocasião, ele me dissera que a sua banda estaria desfalcada de seus dois companheiros fixos da formação por algum problema de agenda conflitante dos rapazes e que convocara a "cozinha" d'Os Kurandeiros, ou seja, eu (Luiz Domingues) e Carlinhos Machado para suprir a ausência de seus colegas e assim cumprir o compromisso.

Na mesma ocasião desse recado que eu recebera, inclusive, encontrei-me por coincidência com o Carlinhos Machado nos bastidores de um show do Língua de Trapo no Sesc Belenzinho de São Paulo e comentei com ele que tocaríamos juntos com o Caio, brevemente. Um mês depois, durante a ocasião de um ensaio d'Os Kurandeiros, o Carlinhos avisou-me que o Caio sinalizara que o baterista titular da sua banda, Rick Vecchione, tocaria normalmente e assim, somente eu seria o convidado especial desse aventado compromisso.

Dada a constatação de que o repertório escolhido seria formado por uma série de Rocks, Country-Rocks e Rockabillys de origem cinquentista, mediante harmonia simples, a dita "quadrada" em torno dos três acordes no padrão do Rock primordial, o Caio resolveu cancelar o ensaio previamente marcado e assim, só me passou a lista e a respectiva seleção de canções anotadas em uma "playlist" por ele elaborada para que eu a ouvisse durante a semana que precedeu o show.

O meu set de baixo pronto para ser usado na Cervejaria Madalena de Santo André-SP, a favor do "Caio Durazzo Trio" durante o evento "Retro Wheel's/Carburator Day". 2 de abril de 2023. Click e acervo: Luiz Domingues

Muito bem, fui confiante para a casa de espetáculos, "Cervejaria Madalena" de Santo André-SP, baseado na certeza de que apesar da falta de ensaio, não teria problema de tocar o longo repertório, mesmo por que, teria total respaldo do Caio e do Rick para me guiar no palco em algum momento de dúvida sobre algum arranjo das canções escolhidas.

Fui o primeiro a chegar e fiquei impressionado positivamente com o fato de que a instalação da casa se mostrara muito grande. De fato, como sugerira o cartaz do evento, se tratou de uma ambientação em torno dos aficionados de motos, principalmente as antigas, com caráter "retrô" ou "vintage" como queira o leitor e além do mais, fora a grande quantidade de pessoas devidamente paramentadas a sinalizar o seu comprometimento com escuderias de moto-clubes & afins, impressionou-me também a quantidade grande de fãs da cultura cinquentista, homens e mulheres inclusive vestidos à moda dos anos cinquenta, a denotar ser um público cultuador de Rockabilly, sobretudo. Em suma, como diz uma letra de uma canção autoral do Caio Durazzo (e que inclusive nós tocamos nesse dia), "estou me sentindo em 1957".

Um casal com nítida predileção cinquentista acentuada, dança embalado pelos nossos Rocks clássicos direto dessa década primordial da história do estilo musical que defendemos. "Caio Durazzo Trio" durante o evento "Retro Wheel's/Carburator Day". 2 de abril de 2023. Click, acervo e cortesia: Kadu Castro

E sob um forte calor, tocamos aquela seleção proposta pelo Caio Durazzo e de fato, devo confessar que me diverti muito ao interpretar um repertório tão raiz do Rock, algo inclusive inédito na minha carreira, pois eu já havia tocado clássicos cinquentistas muitas vezes em diversos momentos anteriores e com bandas e circunstâncias diferentes, mas jamais havia participado de uma apresentação temática desse porte a tocar exclusivamente um repertório tão centrado nessa década em específico.

A banda em ação. "Caio Durazzo Trio" durante o evento "Retro Wheel's/Carburator Day". 2 de abril de 2023. Click, acervo e cortesia: Kadu Castro 

Outro ponto interessante dessa experiência, deu-se ao se constatar que nem só de clássicos genuinamente oriundos de astros cinquentistas nós tocamos, pois eu notei que algumas canções eram de artistas mais "modernos", dos anos oitenta em diante e que tinham ou tem essa característica como mote de suas respectivas obras, o que foi interessante.

A receptividade do bom público presente foi ótima, muito além do que eu esperava, aliás, no sentido de que eu dimensionei inicialmente que as pessoas ali presentes estariam mais interessadas em motos do que prestar atenção em uma banda e nesse sentido a se considerar o fato de que tenderiam a tratar a banda como uma atração de "lounge" e não como o centro das atenções da festa. Claro que muita gente agiu dessa forma e de fato, o ambiente era enorme e induzia as pessoas à dispersão. No entanto, fiquei surpreso com a quantidade de pessoas que se aglomerou para nos assistir a tocar de perto e que não se furtou de prestar atenção, se divertir, dançar e aplaudir a apresentação.

A banda em ação. "Caio Durazzo Trio" durante o evento "Retro Wheel's/Carburator Day". 2 de abril de 2023. Click, acervo e cortesia: Kadu Castro

O calor se mostrou muito forte. Da primeira para a segunda entrada, eu me senti cansado e desidratado, apesar de ter bebido bastante água. Não que tal fato tenha me surpreendido, pois eu sei que a idade já estava a pesar nos meus ombros nessa altura da carreira e vida, e isso fora uma constatação paulatina e não súbita a grosso modo. 

Todavia, tirante o efeito do calor e o fato de estar com uma agenda mais fraca em relação aos anos anteriores e com isso sem o devido traquejo natural para suportar a regularidade de apresentações constantes, eu sabia que o efeito da idade a avançar chegara como uma nova realidade para a minha carreira e dessa forma, eu precisava aprender a dosar a energia do palco, para não ficar sem forças em cima de qualquer palco. 

Bem, sentei-me no intervalo em um local mais arejado, bebi mais água ainda e na segunda entrada, me movimentei com maior precaução, a driblar o instinto juvenil de vibrar naturalmente com o Rock, mas a preservar o sexagenário que eu já era nessa ocasião, a caminhar rápido para a idade septuagenária naquele instante.

Mais um flagrante do espetáculo. "Caio Durazzo Trio" durante o evento "Retro Wheel's/Carburator Day". 2 de abril de 2023. Click, acervo e cortesia: Kadu Castro

Tudo foi perfeito nessa apresentação, inclusive no tocante ao equipamento que usamos, bastante comedido em termos de potência sonora na teoria, mas que na prática, supriu de uma forma muito surpreendente e agradável a demanda. Tocamos confortavelmente e sem forçar o equipamento, apesar do ambiente ser enorme e a dispersão do som, ter sido inevitável.     

Só houve uma ocorrência desastrosa e que se revelou como um acidente. Ainda na primeira entrada e empolgado com tantos Rocks vibrantes e com reposta ótima do público, eis que eu fiz um movimento de "mise-en-scène" cuja resolução foi com o braço do instrumento apontado para baixo e por azar, uma mulher que estava bem perto do palco foi atingida no seu rosto pelo "headstock" do meu baixo. Bem, não foi por minha culpa, claro que eu não a atingi de propósito, e nem dela em tese, embora neste momento ela tenha sido um pouco imprudente ao colocar o seu copo de cerveja sobre o palco e estar ali naquele momento a apanhá-lo para beber. 

Assim que o choque ocorreu, eu vi que ela sentiu o impacto e se contrariou bastante, logicamente. Ainda a tocar, fiz contato visual com ela para lhe pedir desculpas e perguntar se havia se machucado com maior seriedade, mas ele evitou fitar-me, talvez constrangida ou com raiva da situação em si, acredito. Ninguém mais percebeu o acidente e logo a avistei a se divertir novamente, inclusive a dançar na frente do palco, portanto, deduzi que não se ferira com gravidade e que já esquecera do ocorrido.

Da esquerda para a direita: Caio Durazzo, Rick Vecchione e eu (Luiz Domingues). "Caio Durazzo Trio" durante o evento "Retro Wheel's/Carburator Day". 2 de abril de 2023. Click (selfie), acervo e cortesia: Caio Durazzo

Encerrada a apresentação, eu estava bem cansado, contudo, menos debilitado do que ao término da primeira parte da apresentação, ou seja, acho que entendi o recado da natureza e ao economizar o dispêndio da energia, me preservei melhor. Ficou o recado do meu próprio corpo para estabelecer a postura a ser usada doravante, certamente.

Sobre o convívio e atuação com Caio e Rick, foi algo magnífico. Além de me ajudarem o tempo todo com sinalizações sobre o arranjo das músicas, foi um prazer enorme tocar com ambos. Eu já havia tocado com o Caio por sete ou oito vezes a bordo do grupo "Uncle & Friends", a defender o trabalho do nosso amigo em comum, Lincoln Baraccat, e em uma dessas ocasiões inclusive, com o Rick Vecchione na bateria. Portanto não foi uma novidade atuar com ambos, mas desta feita foi uma apresentação bem mais longa e recheada por clássicos cinquentistas, inclusive com algumas peças autorais do "Caio Durazzo Trio" que são centradas tematicamente nessa cultura da década de cinquenta. 

Foto da banda antes do show. Na ordem, da esquerda para a direita: Caio Durazzo, Rick Vecchione e eu (Luiz Domingues). "Caio Durazzo Trio" durante o evento "Retro Wheel's/Carburator Day". 2 de abril de 2023. Click (selfie) e acervo: Luiz Domingues 

E assim foi essa minha boa experiência de tocar por mais de duas horas um repertório mergulhado na produção cinquentista e como diz uma das letras das músicas do Caio Durazzo Trio, algo como: "estar vendo as meninas dançar para fazer a suas saias rodadas levantarem, os rapazes a balançar os longos topetes no afã de se parecerem com o Elvis Presley e os Cadillacs imensos e reluzentes a passar pelas ruas, como se estivéssemos em uma noite de sábado de 1957"...

sexta-feira, 2 de fevereiro de 2024

Língua de Trapo - Capítulo 24 - A raspa do tacho - Por Luiz Domingues

Dentro da perspectiva que se abrira para a construção da minha autobiografia já há alguns anos, inclusive a dar conta de que a qualquer momento poderiam surgir fatos novos sobre antigos trabalhos, nenhuma banda com a qual atuei no passado haveria de se ausentar de tal predisposição.

Foi assim que shows reunião com a Patrulha do Espaço e o Pedra ocorreram, quase houve o d'A Chave do Sol, e neste caso somente interrompido pelo advento da grande pandemia decorrente do Coronavírus e em seguida pela morte repentina do Rubens Gióia.

E sim, muitas novidades surgiram em termos de discos póstumos, vídeos, resgate de material em geral, principalmente para Patrulha do Espaço, mas igualmente para o Pedra e com o destaque para o lançamento de meia dúzia de discos piratas a conter material raro d'A Chave do Sol, além de novidades com clips novos para o Pitbulls on Crack.

Nesses termos, fiquei atento e já a antever que tais bandas poderiam gerar mais novidades vindouras e melhor ainda, outras bandas do passado da minha carreira, igualmente poderiam vir à tona com novidades.

Foi quando em 2022, eu finalmente comecei a organizar os três canais que eu possuía e não usava simplesmente, no portal do YouTube, por não saber lidar com a tecnologia, principalmente, nos anos anteriores. Por conta de haver dominado vários aspectos dessa linguagem, eu percebi que poderia enfim dar um destino organizado para tais ferramentas e em princípio, destinei cada canal a ser um veículo de apoio ao seu respectivo blog correspondente.

E uma das primeiras resoluções que tomei, foi a de organizar a apresentação inicial de cada canal, com as suas respectivas configurações bem ordenadas e para tal, considerei que estabelecer uma unidade de "playlists" para cada canal, a conter todo o material em vídeo correspondente para cada banda pela qual atuei e atuava naquela realidade de 2022, se fez mister.

E no bojo dessa organização em sentido uniforme para os três canais, eu percebi que precisava ter o domínio completo sobre todos os discos que eu gravei em minha carreira, mediante atuação em todas as bandas pelas quais fui membro, para me tornar independente dos endereços alheios e não ser frustrado com o advento de pessoas, muitas das quais eu nem conhecia pessoalmente, que simplesmente poderiam tirar do ar o seu conteúdo, sem maiores explicações e eu ficar sem referência sobre as músicas que gravei.

Foi nesse sentido inicial que eu fiz questão de ter as duas músicas que gravei ao vivo com o Língua de Trapo, lançadas no compacto "Sem Indiretas" de 1984, sob o meu domínio, e claro, a fornecer todos os créditos devidos para quem de direito e devidamente avisado pelo YouTube de que uma possível futura monetização do meu canal renderia aos detentores dos direitos sobre as duas músicas, a devida parcela de seus direitos autorais assegurados.

"Amor à Vista" (Laert Sarrumor) - Compacto "Sem Indiretas" - 1984

Eis o link para assistir no YouTube:

https://www.youtube.com/watch?v=4xTm9YMY1ZU

"Deve Ser Bom" (João Lucas) - Compacto "Sem Indiretas" - 1984

Eis o link para assistir no YouTube:

https://www.youtube.com/watch?v=IvH7SX00pg4

No entanto, obter o domínio sobre a renderização para as músicas que gravei através dos discos lançados pelas minhas tantas bandas acumuladas na carreira, não caracterizava uma novidade gerada, propriamente dita. Portanto, a novidade que o Língua de Trapo movimentou para a minha autobiografia em pleno 2022, ou seja, trinta e oito anos depois da minha saída da banda (em minha segunda passagem por ela, bem explicado), foi outra, mais esfuziante.

Ocorre que eu sabia há tempos que o meu colega, Laert Sarrumor, tinha salvo três músicas da demo-tape que havíamos gravado em 1980, em uma plataforma que armazenava áudio, chamada "Soundcloud". Tudo bem, eu havia anexado ao capítulo correspondente dessa efeméride, os três "links" a representar tais músicas para que os leitores tivessem acesso, assim como no arquivo do meu Blog 3, a conter todo o material gerado pelo Língua de Trapo em minhas duas passagens pela banda.

No entanto, assim que comecei a organizar de fato os meus canais de YouTube, eu percebi que enriqueceria em demasia o acervo se tais músicas ganhassem igualmente uma publicação no YouTube, muito mais popular e acessível facilmente por conseguinte, e melhor ainda, a conter uma ficha técnica mais robusta para ilustrar melhor a história da banda e por extensão a minha, com o partícipe dessa realização histórica dos primórdios do Língua de Trapo.

Laert Sarrumor e João Lucas na linha de frente, com a minha presença de braços abertos e ao lado, o ator Paulinho Elias, nós dois na retaguarda. Língua de Trapo ao vivo no Festival de Iacanga/Águas Claras em março de 1984. Autor do click desconhecido

Eis que então a versão da música, "Tragédia Gramatical", proveniente da fita K7, "Sutil como um Cassetete", ganhou a sua exposição no YouTube, para se somar ao armazenamento que já existia na plataforma, "Soundcloud", anteriormente providenciado pelo Laert Sarrumor.

Sobre a gravação de "Tragédia Gramatical" em si, creio já ter comentado amplamente em capítulos anteriores sobre tal peça e a circunstância com a qual a gravamos para essa demo de 1980. 

Posso acrescentar que guardadas as devidas proporções, o áudio que ouvimos nessa gravação é bem razoável e mostra com fidedignidade como a banda soava em seus primórdios, a demarcar bem a minha primeira passagem pela banda (1979-1981), se visto pela minha história em particular.

"Tragédia Gramatical" (Laert Sarrumor). Faixa extraída da demo-Tape "Sutil Como um Cassetete", gravada em e lançada em 1980.

Eis o link para assistir no YouTube:

https://www.youtube.com/watch?v=mEaJ9sa2sic

Formação do Língua de Trapo nesta faixa:

Pituco Freitas: Voz 

Lizoel Costa: Guitarra 

Celso Mojola: Piano 

Fernando Marconi: Percussão 

Laert Sarrumor: Backing vocals 

Carlos Castelo (Mello): Backing vocals 

Guca Domenico; Backing vocals 

Luiz Domingues: Baixo

"Romance em Peruíbe" (Laert Sarrumor-Guca Domenico). Faixa extraída da Demo-tape "Sutil como um Cassetete", gravada e lançada em 1980.

Eis o link para assistir no YouTube:

https://www.youtube.com/watch?v=_X9my13ZMJQ

Formação do Língua de Trapo nesta faixa: 

Laert Sarrumor: Voz 

Lizoel Costa: Guitarra 

Celso Mojola: Piano 

Fernando Marconi: Percussão 

Guca Domenico: Backing vocals 

Pituco Freitas: Backing vocals 

Luiz Domingues: Baixo

"A Vingança do Hipocondríaco" (Carlos Mello-Celso Mojola). Faixa extraída da Demo-tape "Sutil como um Cassetete", gravada e lançada em 1980.

Eis o link para assistir no YouTube:

https://www.youtube.com/watch?v=C6b-4zcdE9c

Formação do Língua de Trapo nesta faixa: 

Laert Sarrumor: Voz 

Lizoel Costa: Cavaquinho 

Celso Mojola: Piano 

Fernando Marconi: Percussão 

Guca Domenico: Violão 

Luiz Domingues: Baixo

Faixas gravadas no estúdio Cia. Iltda. de São Paulo em algum dia não registrado de novembro de 1980, em quatro canais. Técnico de captura e mixagem: De Boni.

Para aproveitar o ensejo, acrescento que algumas fotos inéditas surgiram e foram devidamente coletadas nos últimos anos (falo sobre o período em que eu encerrei o capítulo geral da minha história com o Língua de Trapo dentro do contexto da minha autobiografia que alimentou o meu primeiro livro, "Quatro Décadas de Rock"), e que se encontram, portanto, disponíveis no arquivo do meu Blog 3 da internet. Para ver tais fotos recuperadas das minhas duas passagens pelo Língua de Trapo, acesse:

http://luizdomingues3.blogspot.com/

Outra novidade recente (2020), foi o lançamento de uma almofada a conter a capa e contracapa do Compacto "Sem Indiretas" como estampa, a se tratar do único álbum oficial que eu gravei com o Língua de Trapo em 1984. Neste caso, fui eu mesmo que encomendei tal peça junto à artesã e artista plástica, Amanda Fuccia.

No início de 2021, eu participei de uma sessão de fotos para repercutir essa linha de capas de almofadas criadas pela Amanda, sob a lente de sua mãe, a fotógrafa Ana Fuccia, igualmente uma grande amiga e que nos idos do começo dos anos 2000, comandou várias sessões de fotos promocionais da Patrulha do Espaço, banda da qual eu fui membro na ocasião, além de fotografar o nosso grupo ao vivo, muitas vezes em diversos shows.

Paulo Elias Zaidan, o popular Paulinho, que nos deixou em 2022. Fonte: internet. Click: desconhecido

A nota triste sobre o Língua de Trapo em 2022, foi o falecimento do nosso companheiro, Paulo Elias Zaidan, o popular, Paulinho. Severamente comprometido por um câncer, ele nos deixou em 10 de junho. Jornalista e portanto colega da maioria dos membros originais por ter sido estudante da mesma turma de 1979, que se conheceu na Faculdade de Comunicação Cásper Líbero, ano em que o embrião mais remoto da banda foi formado, Paulinho foi mais que um entusiasta e colaborador inicial, ao se tornar logo a seguir um membro a atuar como ator nos shows e a se revelar um elemento muito importante para o desenvolvimento das sketches, piadas e afins que compunham as apresentações do nosso grupo.

Amigo querido de todos, sempre foi um companheiro gentil, solícito e muito bem-humorado nos bastidores, a garantir o bom astral sempre preservado entre nós, mesmo ante aborrecimentos pontuais que toda banda enfrenta na estrada. Que descanse em paz, agora ao lado do Lizoel Costa, que também nos deixara anteriormente.

E neste momento de 2022, eis que vieram três músicas da demo-tape de 1980, devidamente alojadas no YouTube, como um adendo de material para enriquecer a minha autobiografia, notadamente sobre a minha participação como componente do Língua de Trapo.

Por dedução, fica em aberta a perspectiva de surgir mais material concernente às minhas duas passagens por essa banda (1979-1981 & 1983-1984) e assim, a abrir caminho igualmente para um prolongamento da minha própria história com essa banda.

Viva o Língua de Trapo!

domingo, 21 de janeiro de 2024

Boca do Céu - Capítulo 14 - Na boca do povo! - Por Luiz Domingues

Logo que encerrou-se a parte técnica da produção da canção "1969", eis que várias frentes foram criadas para podermos avançar. Na mais premente delas, houve a necessidade de se gerar rapidamente o código ISRC da canção, para que ela pudesse ser alojada adequadamente nas plataformas digitais da internet, e que também ficasse pronta para posteriormente figurar em um CD completo. 

Particularmente, eu sempre pensei que os trabalhos mais modernos do Língua de Trapo contassem com a cobertura da Marcia Oliveira, esposa do Laert Sarrumor e empresária da banda há muitos anos, nessas questões burocráticas com o Ecad, no entanto, não era este o caso, pois ela só cuidava mesmo da parte gerencial e de assessoria de imprensa. 

Então, foi quando o Osvaldo Vicino se voluntariou para destrinchar a burocracia, e assim se cadastrou na associação arrecadadora na qual  havia recentemente aderido, na função de produtor fonográfico e mediante a sua experiência acumulada como executivo no mundo corporativo por quase quarenta anos, conseguiu vencer as barreiras de um atendimento maçante via virtual a garantir a inscrição da nossa música no Ecad, e consequentemente possibilitou que pudéssemos preparar a ação de "pré-save" da canção, marcada finalmente para o dia 19 de setembro de 2023.

O procedimento foi acertado para ocorrer através da plataforma "Onerpm", a distribuir automaticamente para diversas outras plataformas.

Concomitantemente, eu escrevi o release, com pontuais mudanças sugeridas pelo Laert e assim, providenciamos uma arte para ser usada para ser entregue aos jornalistas. No caso, a Marcinha preparou um arte em formato PDF e o filho do Wilton nos entregou uma versão alternativa no padrão "flipbook", ou seja, uma arte que simula um livro a virar as páginas de forma virtual.

Acesse abaixo o link para ler o release na versão "flipbook"

https://heyzine.com/flip-book/5c649200c8.html

Escolhemos duas fotos clicadas pelo Moacir Barbosa de Lima (Moah), e dois logotipos também criados por ele e assim, fechamos o material básico de divulgação para abordar jornalistas.

Com a proximidade da data oficial de lançamento, eu propus aos colegas que exercêssemos todos os esforços para divulgar a data de lançamento e deixássemos para divulgar o clip oficial um mês depois. E depois disso, que aguardássemos mais um mês para o lançamento do documentário dos bastidores e por fim, a contarmos com um eventual segundo clip que poderia ser lançado em dezembro e assim, por camadas, que ficássemos quatro meses tendo evidência midiática.

Nesse ínterim, eu já havia fechado alguns lançamentos da música para webradios. Já havia assegurado as webradios Orra Meu, Crazy Rock e MKK para tal, portanto, já haveria "barulho" garantido para reverberar o lançamento oficial, logo após o dia 19, a gerar uma sensação de avalanche midiática.

E nesse tempo, igualmente, preparei a minha lista de jornalistas e ativistas culturais para pedir apoio, ou seja, a angariar matérias em revistas eletrônicas, sites, blogs e afins.

Depois de obtido o código ISRC da música, "1969", eis que se providenciou então o alojamento devido na plataforma Onerpm que distribuiu o link para as diversas plataformas existentes no mercado.

Ficou acertado então o dia 19 de setembro de 2023, como o dia do lançamento oficial nas plataformas. Mais do que um simples lançamento, para essa banda teve um significado monstruoso, no sentido de que entrou para a história como o dia do seu nascimento oficial para o mundo da música profissional, de fato, mesmo sob o eco de um atraso de quase cinco décadas. Que feito e que alegria sob múltiplos aspectos, no sentido de que representou a concretização de um sonho não realizado no preâmbulo da minha carreira, igualmente.

Que luxo impensável em 1976: nem sonhávamos com redes sociais, tampouco plataformas "streaming" e só havia o sonho de fazer a banda gravar e gerar história. Eis que conseguimos, em 2023!

Sim, no meu caso em particular, eu tive continuidade, toquei em bandas incríveis, com músicos de altíssimo gabarito, tive uma infinidade de alegrias, realizações, muitos discos para me orgulhar e já há muitos anos nutria uma lembrança de gratidão para com o Boca do Céu por ter sido o agente a propiciar meu primeiro impulso a me tirar da inércia para a música de verdade. Tanto que foi dessa forma que eu encerrei o meu relato sobre o Boca do Céu no primeiro livro autobiográfico, a fechar com a história da banda nos anos setenta e reconhecer o papel que o grupo teve na minha trajetória como um agente inicial e lúdico, ao mesmo tempo. 

Eis que no fim da vida, a oportunidade de resgatar a banda surgiu e enfim conseguimos gravar com nível profissional e lançar uma música, colocar a banda no mundo da música profissional e com direito ao reconhecimento midiático que a banda nunca teve nos anos setenta.

Em suma, foi para a banda, um momento de redenção. Para Osvaldo e Wilton que nunca haviam gravado, a realização do sonho e para eu e Laert, o reencontro com as nossas raízes. Em suma, foi um grande acontecimento, não restou dúvida.

E para dar uma mostra de que os tempos de obscuridade para essa banda já haviam passado, eis que os primeiros resultados midiáticos que eu mesmo empreendi mediante os meus contatos pessoais frutificaram de uma maneira magnífica! E nem deu para esperar o lançamento do dia 19 de setembro, via plataformas, pois logo eu fui avisado que no dia 18, dois programas de rádio anunciaram execução da canção.

E assim, estivemos escalados para participar do programa "Brasil Underground" durante o período da tarde na MKK Webradio e no mesmo dia e emissora, mais ao final da noite, no programa "Sampa Clipping"

Que incrível, antes mesmo da música estrear oficialmente, já tivemos duas execuções radiofônicas! Dias de glória para uma banda de garotos sonhadores nos anos setenta, que não conseguiu realizar tudo o que aspirou coletivamente, mas como diz o ditado popular: "nunca é tarde"...

Tivemos dias de grande euforia ao nos depararmos com os primeiros sinais de repercussão pública mediante o fato da música lançada oficialmente e isso foi potencializado e muito, mediante uma explosão de anúncios bons que recebemos de diversos veículos de difusão cultural, entre sites, Blogs e webradios, principalmente a lançar matérias impressas ou execuções da música "1969".

Matérias no Blog Planet Caravan e na versão on line da revista Roadie Crew, saíram simultaneamente, por exemplo.

Matéria sobre o Boca do Céu no Blog Planet Caravan do músico, ativista cultural e escritor, Walter Possibom! 

Eis o link para ler a matéria:

https://jjplanetcaravan.blogspot.com/?fbclid=IwAR37_TznJZrbFwODjCz1LO7iOP8aq8FIvWEN0k01uvKYPHq-04UPIrXIsAI

E uma surpresa boa nos ocorreu, vindo de um contato não esperado inicialmente, pois veio de um amigo do Wilton que houvera sido entrevistado em um site de cultura da cidade de Guarulhos e mediante tal sinalização, de pronto ganhamos uma matéria muito boa e a destacar que o Wilton Rentero, nosso guitarrista era morador da cidade de Guarulhos e foi professor da Universidade da cidade, portanto, mediante tal mote, a matéria teve grande destaque.

Matéria sobre o Boca do Céu na revista Roadie Crew, assinada pelo jornalista Tony Monteiro
 
Eis o link para acessar e ler:
Matéria sobre o Boca do Céu no site Guarulhos Cultural, assinada pela jornalista Carla Maio.

Eis o link para acessar e ler:
Logo foi anunciado pela Webradio Crazy Rock a inclusão da música "1969" no programa: "Só Brasuca". Fomos programados para tocar nos dias 22 a 27 de setembro de 2023. 
Eis que recebemos o aviso vindo da Webradio Mutante que a nossa canção tocaria nos dias 25 e 28 de setembro de 2023 através do programa, "Experimento"
E também fomos comunicados que uma outra emissora, a AS Brazil Rádio, executaria a nossa música de segunda a sexta na sua programação às 18 horas em ponto, entre os dias 25 de setembro e 6 de outubro
Tivemos mais uma semana de execuções através do programa "Brasil Underground" da MKK Webradio, apresentado pelo comunicador com uma alcunha curiosa, o "Peida na Tanga" entre os dias 25 e 29 de setembro de 2023
Eis que emissora Webradio Run Music anunciou uma ótima matéria no seu site a destacar o nosso lançamento, em 26 de setembro de 2023, uma cobertura que nos deixou muito feliz!

Matéria sobre o Boca do Céu no site da Webradio Run Rock Music!

Eis o link para acessar e ler: 
Em 27 de setembro, recebemos o comunicado que a nossa música tocaria na programação regular da Webradio Rock in Love, com direito a uma repetição.
No mesmo dia, a Webradio Jardim Psicodélico anunciou que a nossa música entrara na sua programação regular e esta emissora se notabilizara há anos como altamente comprometida com as diversas estéticas sessenta-setentistas, isto é, a se provar como muito adequada para o nosso espírito e propósito.
E no dia 30 de setembro, a nossa canção estreou na programação regular da Webradio Orra Meu.
A emissora AS Brazil Rádio, também publicou uma boa matéria no seu site, o que nos agradou bastante, logicamente.
Ocorreu também uma entrevista de Laert Sarrumor, nosso vocalista, para o comunicador César Freitas, com uma pequena intervenção de minha parte, Luiz Domingues no decorrer da conversa. 30 de setembro de 2023, pela  Webradio 97 Rock
Eis que em 1º de outubro de 2023, a emissora Webradio Rock in Love nos programou para estarmos na sua atração: "Rock do Povo" e com direito a uma repetição.
 
E no meio dessa avalanche midiática, tivemos o lançamento do nosso vídeoclipe, uma peça fundamental para alavancar ainda mais os nossos esforços em prol da divulgação da canção e da banda, por conseguinte. 
 
Sob a edição e direção do mestre Lincoln Baraccat, tivemos então esse belo clipe a conter uma sucessão de imagens da banda no passado vivido nos anos setenta e na atualidade desse resgate, mais a cobertura da banda no estúdio Prismathias em meio aos seus esforços de gravação, com direito à aparição dos convidados e apoiadores diretamente ligados nessa produção, mesclados com imagens de ícones contraculturais dos anos sessenta, tais como Joe Cocker, Janis Joplin e principalmente o cartunista Robert Crumb.
 
Estreou em 3 de outubro de 2023, no canal da banda e teve uma repercussão incrível, muito acima da média para o padrão de uma banda alojada no patamar "underground" da música profissional.
O clip da música "1969" do Boca do Céu, sob criação de Lincoln Baraccat. 
 
Eis o link para assistir no YouTube:
https://www.youtube.com/watch?v=dh4gmjL3KnA 
O grande jornalista, Tony Monteiro, nunca deixara de prestigiar a cena e no meu caso em específico, conforme eu já alertei tantas vezes ao longo da minha autobiografia, esse grande profissional divulgou praticamente todos os trabalhos que eu lancei durante a minha carreira toda. E mais uma vez ele abraçou a causa ao ter lançado uma matéria no site da revista Roadie Crew, conforme eu anunciei alguns parágrafos acima. Mas não ficou apenas nessa ação, pois também aconteceu através do seu programa semanal a bordo da MKK webradio, o "Rock'n' Brasil". E assim foi ao ar no dia 3 de outubro de 2023, com direito a uma reprise.
Está bem, eu sei que se tratou de um "conflito de interesse", mas certamente que eu programaria a execução da música "1969" e com direito a um bom comentário a bordo do meu programa na emissora Webradio Orra Meu e foi o que aconteceu no dia 10 de outubro, quando foi ao ar o programa: "Eu Recomendo, com Luiz Domingues" pela Webradio Orra Meu e com direito a quatro reprises e uma exibição televisiva via "Twitch"
A seguir essa boa onda midiática, o programa "Lado 2" produzido no Rio de Janeiro por Renato Costa e Marco Ribas e distribuído em quatro emissoras, nos programou para a sua edição de 11 de outubro, inicialmente.
Outra estreia anunciada e que nos agradou muito, ocorreu em 14 de outubro, quando a nossa música foi executada no programa "Bandeira Brasil" do comunicador Johnny F. através da Webradio Lágrima Psicodélica, esta a se tratar de uma emissora comprometida com a produção em torno das estéticas do Rock das décadas de sessenta e setenta, ou seja, tudo a ver com o espírito da nossa banda.
 
Eis a versão de YouTube do programa: "Eu Recomendo, com Luiz Domingues" pela Webradio Orra Meu, quando através da edição 28, eu pude falar sobre a nossa banda e tocar a nossa canção. 18 de outubro de 2023
 
Eis o link para acessar no YouTube:
 
Também no dia 18 de outubro, o programa "Lado 2" anunciou o lançamento da versão podcast do programa no qual participamos
 
Eis o link para acessar: 
Em 24 de outubro de 2023, estava programada a entrevista de Wilton Rentero, nosso guitarrista, para a jornalista, Rosângela Cafasso a representar o programa BTW Guarulhos do site cultural Guarulhos Cultural, mas por motivos técnicos, infelizmente não prosperou a contento, no entanto, ficou o convite de pé para ser remarcado oportunamente.
E já sob a minha responsabilidade na escolha dos artistas e músicas, a edição 355 do programa "Só Brasuca" da Webradio Crazy Rock trouxe novamente a música "1969" para ser executada e com direito a um breve relato de minha própria parte para falar da banda, sobre o seu resgate dos anos setenta e a música em si. Foi ao ar de 4 a 10 de novembro de 2023. Sei que novamente houve a questão do conflito de interesse a ser considerado, todavia, a direção da emissora não apenas acatou o meu pedido, como me incentivou com entusiasmo a fazer uso do espaço para tal finalidade. Portanto, fiquei amparado e aliviado pelo quesito da consciência.

E ainda tivemos uma baixa terrível, pois um grande jornalista que sempre me ajudou muito, com trabalhos anteriores (matérias sobre A Chave do Sol, Pitbulls on Crack, Patrulha do Espaço, Pedra e Os Kurandeiros, por exemplo), já estava com a matéria engatilhada para ser publicada, mediante o contato entusiasmado prévio que tivemos e potencializado pelo fato dele também ser muito amigo do Laert. Inclusive, esse profissional foi da turma do Laert na Faculdade de jornalismo Cásper Líbero e por conseguinte, testemunha ocular do nascimento do Língua de Trapo, nos corredores daquela instituição nos idos de 1979 e 1980, a se tratar do gentleman, Fabian Chacur. 
 
Ele recebeu o meu e-mail com todo o nosso material de divulgação, se entusiasmou demais com a história da banda e a coincidência de ter sido a minha primeira banda de carreira e também do Laert e me disse que tinha a encomenda de uma matéria sobre a cantora Pop italiana, Laura Pausini para publicar no seu prestigiado site, denominado: "Mondo Pop", muito respeitado dentro do universo do jornalismo cultural e que a seguir, publicaria a nossa. 
 
Mas o destino nos pregou um dissabor, pois eis que poucos dias depois, eu soube que assim que publicou e estava a reler a matéria sobre Laura Pausini, ele se sentiu mal e caiu fulminado por um infarto, sobre a mesa do seu computador de trabalho. A nossa matéria teria sido a próxima e eu tenho certeza que o rascunho já estava na sua máquina. Fiquei chocado, pois além de ter sido um ótimo jornalista musical, muito antenado com a movimentação cultural por dever de ofício e com uma cultura avassaladora sobre o assunto e o Rock em específico, Fabian foi uma das pessoas mais gentis que eu conheci e tanto foi assim, que essa se mostrou a opinião generalizada através de uma enxurrada de manifestações de pessoas ligadas ao jornalismo e à música, que se pronunciou com tristeza, estupefação e ao mesmo a expressar sua gratidão ao Fabian pela sua extrema gentileza e sapiência.

Bem, sobre o Fabian foi uma fatalidade triste não contar mais uma vez com a sua percepção tão apurada para analisar uma obra musical, mas eu também colecionei alguns dissabores ao ter abordado jornalistas amigos que outrora me apoiaram e que desta feita, ignoram-me retumbantemente. Tudo bem, nesta altura da vida, no alto de meus sessenta e três anos de idade, eu já estava para lá de vacinado para não sucumbir ante possíveis desaforos e dessa forma, é claro que não vou citar quem não teve nem a consideração de me  emitir uma desculpa esfarrapada para não me atender.

Na contrapartida, algumas pessoas sinalizaram que não poderiam ajudar mais do que gostariam, dadas as circunstâncias atuais de suas respectivas condições, porém, tiveram a boa vontade de se pronunciar com palavras de apoio muito bonitas através de suas redes sociais e isso nos auxiliou muito, dada a repercussão que isso gerou entre os seus seguidores, casos da radialista, Silvana Castro, do comunicador Cesar Gavin, e dos jornalistas, Carlos Mello (Castello) e Vladimir Ribeiro, além do meu companheiro d'Os Kurandeiros, Kim Kehl.
 
Bem, daí em diante, a expectativa ficou em torno de três novas frentes de trabalho: a preparação do documentário sobre os bastidores da gravação da música "1969", o clip II que acompanharia esse documentário e a continuidade do resgate, com a escolha de novas músicas para trabalharmos, a visar uma nova etapa de gravação e também com a eventual preparação de um show de choque.

Ainda a aproveitar a ótima onda midiática que cercou o lançamento do nosso single, "1969", o Laert recebeu o convite para ser entrevistado em um canal da TV aberta, não exatamente motivado pelo nosso lançamento, mas a tratar da carreira dele como um todo, todavia oportunidade essa da qual ele aproveitou para falar sobre o Boca do Céu, além do nosso recente lançamento e tudo mais que nos envolvia.

E assim aconteceu no dia 27 de outubro de 2023, a entrevista do Laert Sarrumor para o programa: "De Papo pro Ar" da Rede Brasil TV. Conduzida pelo famoso entrevistador da TV aberta: Décio Piccinini. No final do bloco 2, Laert falou sobre o Boca do Céu. 

Eis o link para assistir o bloco no qual o Laert fala sobre o Boca do Céu ao seu final:
Assista também o primeiro bloco, quando ele fala sobre o Língua de Trapo, Rádio Matraca, a sua atuação como dublador do personagem Topo Gigio e demais facetas de sua trajetória artística:
 
 
Nesse ínterim, estava quase pronta a produção do documentário sobre os bastidores da gravação da música: "1969", mediante o trabalho de captura, edição e direção da parte do nosso amigo, Moacir Barbosa de Lima, o Moah. Nesse caso, houve bastante apoio da parte do Laert, que fez um roteiro adicional para somar ao que o próprio Moah havia preparado e na resolução final da edição, Osvaldo e Wilton contribuíram muito com sugestões, igualmente.
 
De minha parte, eu fui bem econômico na emissão de opinião e a minha contribuição maior foi com o texto da ficha técnica e revisão final gramatical do mesmo. Preferi não interferir na decupagem e opiniões sobre o processo da edição, exatamente para dar espaço aos companheiros, haja vista que o clip do Lincoln Baraccat ficara sob a minha produção, praticamente, quando eu interagi diretamente com esse amigo designer e desta feita, eu achei por bem dar vazão à criatividade dos colegas. E também para não gerar tumulto com eventuais controvérsias, pois quanto mais pessoas a opinar em um processo criativo, há mais chance de se gerar impasses nas tomadas de decisão.
 
Sobre o documentário, eu gostei muito dos depoimentos que foram registrados, a se considerar que tudo ocorreu sem que houvesse uma combinação prévia, e no entanto, eles ficaram tão emotivos e alinhavados ao mesmo tempo, que realmente me surpreendeu muito positivamente o resultado final ao denotar ter havido uma sincronia de pensamento bem natural sobre o lançamento da canção e  principalmente sobre o sentido do resgate que essa banda promoveu de sua própria história.
 
Nesse aspecto, eu mesmo fui super objetivo ao explicar a situação com o poder da síntese exercido mediante assertividade. Osvaldo falou do sonho em si dos quatro adolescentes de outrora de uma forma emocionante. Wilton foi quase místico na sua declaração ao dar o tom lúdico e ao mesmo tempo, "sobrenatural" desse reencontro concretizado e finalmente o Laert, foi bastante didático e a se alongar na sua explanação sobre o resgate e a música que embalou essa oportunidade de colocar o Boca do Céu no mundo da música profissional (até que enfim), mediante mais de quatro décadas de hiato e a realçar a completa falta de perspectiva que tal ação teve, até 2020, ou seja, de 1979 a 2020, nenhum de nós, os ex-membros, sequer cogitamos ser possível promover isso. "Acredite se quiser" ele brincou ao final, a evocar o bordão usado pelo saudoso ator, Jack Palance, como apresentador de um famoso show de variedades bizarras da TV norte-americana de 1983: "Ripley's Believe it or Not", a demonstrar bom humor e criatividade no seu improviso. 
    
Tudo bem, a história desse resgate em si é algo rico por si só, bem naquele mote da banda de adolescentes de outrora que só consegue realizar o seu objetivo traçado décadas atrás, com os seus componentes envelhecidos na atualidade e isso pode até motivar roteiro de filme para a "Sessão da Tarde". 

Isso por si só já é sensacional, mas há também a questão da música propriamente dita, que dá saltos temporais, ou seja, fala-se sobre "1969" no sentido de se retratar bem a mentalidade que tínhamos em 1977, quando do tempo da banda em atividade, formada por garotos enlouquecidos pelos valores do movimento hippie que chegara com forte atraso no Brasil, portanto, em 1977, nós vibrámos pela onda de Woodstock fortemente. E com a canção tendo sido gravada apenas em 2023, mostrou-se o salto temporal triplo a apontar para o enaltecimento dos mesmo valores exaltados na letra da canção.

Além disso, os depoimentos dos músicos e colaboradores também emolduraram o documentário, além de cenas da gravação e ensaios prévios, e um clip adicional foi criado para fazer parte do documentário, de maneira embutida, o que consideramos como um "clip II", também apto para ser usado como peça de divulgação, de forma destacada desse contexto do documentário.
Documentário sobre os bastidores da gravação da música "1969" do Boca do Céu, sem o Clip II adicional.  7 de novembro de 2023. Direção e edição de Moacir Barbosa Barbosa de Lima ("Moah") - Produtora Bicho Raro

Eis o link para ver no YouTube:
https://www.youtube.com/watch?v=7rSR2zWccVI

Clip II de 1969 - 7 de novembro de 2023 - Moacir Barbosa de Lima ("Moah") - Produtora Bicho Raro

Eis o link para assistir no YouTube:
https://www.youtube.com/watch?v=5pJtQu3C48w
Versão do documentário, sem o clip de apoio interno - 8 de novembro de 2023 - Moacir Barbosa de Lima ("Moah") - Produtora Bicho Raro - Alojado no Canal Luiz Domingues 3
 
Eis o link para ver no YouTube:
https://www.youtube.com/watch?v=1vXmCewTPw0&t=22s
 
Lançado o documentário nas redes sociais, houve um sucesso público extraordinário, com muitas manifestações de apoio recebidas, com saudações e muita emoção, pois as pessoas ficaram encantadas com a história toda em torno do resgate, apreciaram a música e a riqueza implícita que isso tudo agregou.
 
Ficamos muito felizes pela repercussão emocionante e enaltecemos a boa vontade do "Moah" para materializar essa peça documental tão bonita a retratar todo o nosso esforço para colocar essa música no espectro da música profissional.
 
E ainda no início de novembro, demos início à retomada dos esforços para o resgate prosseguir, quando nos reunimos na residência do Osvaldo e trabalhamos exatamente no ponto onde havíamos parado anteriormente, ao voltarmos a analisar e buscar fechar o arranjo final das músicas: "Serena" e "Rock do Cometa". 
Ensaio do trio de cordas do Boca do Céu ocorrido na residência do Osvaldo Vicino, a marcar a retomada dos esforços para o resgate do material prosseguir. Da esquerda para a direita: Wilton Rentero, eu (Luiz Domingues) e Osvaldo Vicino. 5 de novembro de 2023. Acervo e cortesia: Osvaldo Vicino. Click: still de vídeo
 
Como já havíamos praticamente fechado "Serena" em 2022, e avançamos com o "Rock do Cometa" no início de 2023, estabelecemos algumas mudanças muito pontuais e já a direcionar para o arranjo final de ambas. A ideia seria fechar essas duas músicas e sem muita demora, abrir mais três ou quatro, para montarmos um show de choque com o intuito de deixá-lo preparado para o início de 2024, e possivelmente colocar as músicas, a aproveitar o mesmo embalo de trabalho, em condições de gravação, quando voltaríamos ao estúdio Prismathias para dar prosseguimento no grande resgate.
No entanto, antes que avançássemos com mais preparativos, tivemos a grata surpresa de mais uma execução radiofônica, graças à ação do programa: "No Mundo do Rock" (através da emissora webradio homônima), apresentado pelo comunicador, "Tio" Cosme e com apoio de Walter Possibom/Blog Planet Caravan, fato que ocorreu em 3 de dezembro de 2023. Além da execução, o apresentador foi muito generoso ao ter lido o release oficial na íntegra, ou seja, dessa forma ele forneceu muito espaço para a nossa banda e também pelo fato de termos sido rodeados musicalmente de grandes nomes do Rock das décadas de 1960 e 1970, que também foram executados na mesma edição do referido programa, o que muito nos honrou e alegrou, certamente. 
Foi promovido mais um ensaio de âmbito residencial na habitação de Osvaldo Vicino, no dia 10 de dezembro e desta feita, nós contamos com a presença do Laert Sarrumor, ou seja, o quarteto original foi reunido para deliberar a formatação oficial de duas músicas: Serena" e "Rock do Cometa". E isso foi cumprido para fecharmos definitivamente as duas peças.

Em relação ao formato com o qual vínhamos a trabalhar em "Serena", este não se modificou radicalmente. As partes "modernas" criadas foram mantidas e apenas ocorreu uma ligeira remodelação do mapa, a esticar a parte final com mais uma passagem pelo verso 1 da parte "A", após a incidência do vocal onomatopaico final.

E já sobre "Rock do Cometa", nada mudou em relação ao que fora proposto anteriormente pelo esforço empreendido pelo trio das cordas. 

Versão de "Serena" - Ensaio residencial do Boca do Céu - 10 de dezembro de 2023. Filmagem, acervo e cortesia: Osvaldo Vicino

Eis o link para assistir no YouTube:

https://youtu.be/Ber6nwGsqTg?si=WDkVayZJdzt9EcBX

Fechado esse ensaio, dado o fato de que as festas de final de ano se aproximavam, combinamos realizar talvez mais um ensaio nesses moldes e reiniciarmos os esforços em janeiro de 2024, mas eis que dois dias depois tivemos um convite inesperado e que se revelou irrecusável.

Os Kurandeiros foram convidados para fazer um show no Instituto Cultural Bolívia Rock em 17 de fevereiro de 2024, e o meu amigo, Kim Kehl convidou o Boca do Céu e o grupo "Los Interessantes Hombres sin Nombre" (banda formada pelos amigos em comum, Carlinhos Machado, Marcos Mamuth e Ayrton Mugnaini Junior). Dessa maneira, a se tratar de uma oportunidade rara para tocarmos em um ambiente Rocker e amparado por bandas irmãs, a nossa resposta de imediato foi afirmativa, no entanto, a celeridade se mostrou total para que nos preparássemos com afinco.

Uma segunda versão de "Serena". Ensaio residencial do Boca do Céu. 10 de dezembro de 2023. Filmagem, acervo e cortesia: Osvaldo Vicino

Eis o link para ver no YouTube:

https://youtu.be/VbfuO7su5WA?si=RMim0CZbbfLHpHHZ

Versão de "Rock do Cometa" - Ensaio residencial  do Boca do Céu. 10 de dezembro de 2023. Filmagem, acervo e cortesia: Wilton Rentero

Eis o link para assistir no YouTube:

https://youtu.be/2Z2Y3Gx6u9s?si=ZchwkZFYBy3pWpa

Animados mais do que nunca, combinamos ações emergenciais, tais como a aceleração do processo de fechamento de mais músicas e ensaios, tanto residenciais quanto elétricos.

Mais uma resolução interna que tivemos, aliás, um pouco antes desta cronologia, foi a de convidarmos o amigo, Carlinhos Machado, para entrar definitivamente na banda como membro fixo oficial, dada a constatação óbvia de que eu e Laert já éramos amigos dele há muitos anos, e no meu caso a contabilizar uma longa jornada de companheirismo na atuação com Os Kurandeiros e outros trabalhos com os quais estivemos juntos ("Ciro Pessoa & Nu Descendo a Escada", "Magnólia Blues Band", "Uncle & Friends", também na banda de apoio de Edy Star, no grupo de covers, "Os Koveiros"), e fora o fato de que eu fui convidado, e não deu certo a minha entrada, por motivos diferentes, para ser componente de duas outras bandas pelas quais ele atuava: "Gerson Conrad & Trupi" e Butter Blues Band". Em suma, que prazer ter mais um trabalho com o Carlinhos como colega e amigo para acrescentar no meu currículo pessoal.

Além dessa felicidade no campo pessoal, pesou também nessa decisão, o fato dele, Carlinhos, ter se afeiçoado e vice-versa com Osvaldo e Wilton, portanto, eu me aliviei no sentido da consciência, pois não forcei a barra para inserir o meu amigo apenas a exercer a minha vontade pessoal, mas foi pela ordem de uma decisão unânime, mediante aclamação e felicidade para todos.

O amigo e grande músico, Carlinhos Machado, quando de sua participação na gravação da música "1969" no estúdio Prismathias de São Paulo em maio de 2023. Click e acervo: Luiz Domingues

De fato, além da amizade e camaradagem, que são características inerentes da personalidade do Carlinhos, cativou à todos a maneira pela qual ele se colocou na gravação da música "1969", ao ter vibrado muito no estúdio e dessa forma a se colocar de uma maneira muito clara para todos, que ele mesmo se auto convidara de forma implícita para ser membro da banda, de uma maneira muito natural. 

Por ter gostado de estar conosco, apreciado o material, entrar no espírito do resgate ao tê-lo compreendendo integralmente e mais do que isso, por ser contemporâneo nosso, a denotar não apenas conhecer, mas vibrar igual a nós, no sentido de que se não nos conhecemos nos anos setenta, foi por um mero acaso, pois estivemos, quase que literalmente, nos mesmos lugares o tempo todo durante aquela década e sobretudo, por sermos signatários dos mesmos ideais.

Com esse reforço humano incrível na pessoa de Carlinhos Machado, finalmente reativamos a formação como quinteto da nossa "velha nova" banda, e assim, nós prosseguimos com o plano de aceleração da preparação do resgate, e mesmo por que, nesse exato ponto, tivemos a certeza de um compromisso firmado para um show ao vivo a ser cumprido em 2024.

Da esquerda para a direita: Osvaldo Vicino, Wilton Rentero e eu (Luiz Domingues). Ensaio do Boca do Céu no estúdio "Cristiano 528" de São Paulo, promovido em 17 de dezembro de 2023. Click, acervo e cortesia: Moacir Barbosa de Lima ("Moah")

Fechadas os mapas das duas músicas ("Serena" e "Rock do Cometa"), durante o ensaio residencial anterior, resolvemos então promover um ensaio do quarteto instrumental, exatamente para avançar no apronto, agora a visar o arranjo elétrico, ou seja, para construir as linhas de guitarras, baixo e bateria.

Marcarmos então esse ensaio para o estúdio "Cristiano 528", localizado em Pinheiros, na zona oeste de São Paulo, espaço esse fundado pelo grande guitarrista, Luiz Sacoman, mas que já não era o proprietário, assim foi informado nessa ocasião. Tal estúdio foi sugerido pelo Laert, pois o Língua de Trapo estava habituado a ensaiar ali. 

Fiquei muito feliz por verificar a animação geral, sobretudo do Carlinhos Machado, ao participar desta feita como membro e tanto foi assim, que ele trouxe por escrito em partitura o arranjo de linha de bateria que idealizou para "Serena", a observar as diversas nuances rítmicas que essa música adquiriu. 

Carlinhos Machado no aguardo do trabalho se iniciar. Ensaio do Boca do Céu no estúdio "Cristiano 528". 17 de dezembro de 2023. Click, acervo e cortesia: Moacir Barbosa de Lima "Moah"

E sobre "Rock do Cometa", a se tratar de um Blues-Rock bem mais quadrado, a tarefa de se preparar um arranjo foi facilitada, a não ser por uma proposta do Wilton de criar um solo a conter mais compassos em uma determinada parte de um módulo, a exercer uma quebra do padrão usual. Gerou uma estranheza generalizada, eu devo registrar, mas nos prontificamos a tentar seguir esse padrão diferente, no sentido de nos acostumarmos com a mudança proposta.

O grande, Moacir Barbosa de Lima, popular "Moah", esteve presente a nos fotografar e filmar, e assim, ficamos contente por revê-lo e também por nos proporcionar mais uma cobertura visual de nossos esforços.

Versão de "Rock do Cometa". Ensaio do Boca do Céu no estúdio "Cristiano 528" de São Paulo. 17 de dezembro de 2023. Filmagem e cortesia: Wilton Rentero

Eis o link para ver no YouTube:

https://youtu.be/Dq7IW-gA6BE?si=sTccN_uJDVzKsN4h

Versão de "Serena". Ensaio do Boca do Céu no estúdio "Cristiano 528" de São Paulo. 17 de dezembro de 2023. Filmagem e cortesia: Osvaldo Vicino

Eis o link para assistir no YouTube:

https://youtu.be/8W4lKK_HOqE?si=7GSscIynQYMYf7qd

Esse apronto do quarteto instrumental foi comemorado, pois materializamos mais duas músicas. Claro, muitos ajustes ainda precisavam ocorrer. Os backing vocals de "Serena", por exemplo, ou melhor, a linha melódica vocal feita coletivamente conforme sugerida pelo Laert, apuro nos solos, maior firmeza nas diversas mudanças de partes mediante sutileza dinâmica importante a ser bem executada, dinâmica geral e outros detalhes, mas independente desse "pente fino" que viria em breve, o apronto foi muito positivo.

Outra versão de "Serena". Ensaio do Boca do Céu no estúdio "Cristiano 528" de São Paulo. 17 de dezembro de 2023. Filmagem e cortesia: Osvaldo Vicino

Eis o link para ver no YouTube:

https://youtu.be/u6jTZ_zPW70?si=G_6lqT10gGUfCvR-

Depois desse apronto inicial, decidimos respeitar as festas de final de ano e também por conta da agenda pessoal de cada um que previa viagens pessoais típicas dessa época do ano, marcamos um novo ensaio residencial para o início de janeiro, com o objetivo de fecharmos mais três músicas e a seguir, marcarmos mais ensaios elétricos com o quarteto para firmar tais músicas e depois,  marcarmos ensaio geral do quinteto para prepararmos o show a ser realizado em fevereiro de 2024, no Instituto Cultural Bolívia Rock, o ICBR.

E claro, com tal preparação de emergência, tal pressa haveria de servir também para alimentar uma boa preparação para entrarmos novamente no estúdio Prismathias para gravar mais um lote de canções. Portanto, essa engrenagem de trabalho adotada no final de 2023, pareceu sinalizar uma aceleração do processo e mais do que isso, com assertividade. A entrada do Carlinhos Machado na formação também nos propiciou uma energia muito boa, pois ele veio somar com muita animação e boas ideias para contribuir. 

Da esquerda para a direita: Osvaldo Vicino, Wilton Rentero e eu (Luiz Domingues). Ensaio do Boca do Céu no estúdio "Cristiano 528" de São Paulo, promovido em 17 de dezembro de 2023. Click, acervo e cortesia: Moacir Barbosa de Lima ("Moah")

Além desse avanço do processo de trabalho e da perspectiva de um show para o início de 2024, tivemos ainda algumas boas novas no crepúsculo de 2023.

Pois foi em 19 de dezembro que recebemos um vídeo ofertado pelo nosso ex-baterista, Fran Sérpico, a se tratar da mesma filmagem do vídeo da nossa banda, capturado em junho de 1977, no entanto, segundo ele, a cópia que ele havia nos cedido anos atrás (2016), teria sido modificada no intuito de lhe dar algum benefício visual e esta que nos mostrou nesse final de 2023, se tratara da original, logo que ele providenciara a digitalização do material após a conversão da película do Super-8 original.

Eis a mais bruta filmagem digitalizada do histórico Super-8 de 1977, disponibilizado por Fran Sérpico em 19 de dezembro de 2023.

Eis o link para assistir no YouTube e cabe mais uma vez a ressalva de que são apenas imagens, sem áudio:

https://www.youtube.com/watch?v=ynWSM8fZ6ZQ

E fora isso, recebemos a notícia de que a nossa música "1969" estava programada para ser executada no programa: "Hall da Fama" da Webradio Orra Meu, para o dia 30 de dezembro de 2023, ou seja, que boa nova para fecharmos com chave de ouro o ano que foi de uma grande realização para a banda.

E tivemos uma surpresa adicional, quando fomos notificados pela Webradio Crazy Rock de que a nossa música "1969" estava escalada para tocar no programa: "Momento Só Brasuca" marcado para ser exibido entre os dias 30 de dezembro e 5 de janeiro do ano posterior.

Aliás, cabe um balanço final de 2023, pois esse ano eu reputo ter sido de longe o melhor dessa fase do "resgate" proposto em 2020 e quiçá da história geral da banda a englobar toda a nossa prosaica, porém super bonita fase setentista, envolta em sonhos adolescentes.

Em 8 de janeiro de 2023, a fecharmos as últimas músicas do "resgate", mediante ensaio residencial na casa do Osvaldo. Da esquerda para a direita: eu (Luiz Domingues), Wilton Rentero ao fundo e Osvaldo Vicino, ao lado. Acervo e cortesia: Osvaldo Vicino. Click: still de vídeo

Começamos o ano de 2023 com a perspectiva de fecharmos a fase mais bruta do resgate, em meio aos esforços empreendidos principalmente pelo trio de cordas, no sentido de criar "esqueletos" para as 14 músicas que conseguimos relembrar e reconstruir. Curiosamente, quando chegamos à última canção nesse esforço, o blues "1969", surgiu a ideia de forçarmos encerrá-la definitivamente, isto é, já a pensar no seu arranjo definitivo, com vista a entrarmos em estúdio e gravá-la e dessa maneira com o intuito de ser lançada como um "single".

A banda reunida junto ao técnico de áudio, Danilo Gomes Santos, na sala técnica do estúdio Prismathias de São Paulo. Agosto de 2023, quando da conclusão da mixagem e masterização da canção "1969". Click, acervo e cortesia: Moacir Barbosa de Lima "Moah"

Foi a melhor medida que adotamos, pois a experiência de entrar em estúdio, gravar a música de forma oficial e sobretudo lançá-la, foi justamente o impulso que precisávamos para o "resgate" colocar a banda em um outro patamar. 

Daí em diante, tivemos momentos de imensa felicidade ao ver a música sendo construída, tijolo após tijolo. A incrível participação do técnico de som, Danilo Gomes Santos, que trabalhou com o coprodutor, foi memorável. Todos os músicos convidados que nos apoiaram, foram magistrais em suas participações musicais e no quesito da camaradagem sem limites que expressaram, tanto no estúdio propriamente dito, quanto nos bastidores para organizar a logística dessa produção. 

Lançamos a música com alarde nas plataformas "streaming", e logo a seguir tivemos um clip oficial assinado pelo mestre Lincoln Baraccat para anunciar no YouTube.

Aí começou uma fase encantadora para a banda, pois é preciso se levar em conta que nos tempos de outrora, nós sonhamos, mas jamais conseguimos chegar minimamente perto de algo parecido nos anos setenta, ou seja, a situação de 2023 nos colocou ante uma enxurrada de matérias publicadas em órgãos de imprensa e execuções da canção em diversas emissoras webradio.

Logo a seguir, lançamos um belíssimo vídeo assinado pelo colaborador, Moacir Barbosa de Lima, o grande "Moah" (este, a se revelar como um apoiador muito antenado, fiel aos mesmos princípios, e que surgiu na hora certa), a mostrar de uma forma emocionante um panorama da construção da música, não exatamente a se revelar como um clássico documentário em ritmo de "making of" da banda no estúdio, mas quase isso, com direito a depoimentos emocionantes dos membros do grupo, músicos convidados e também dos colaboradores diretos dessa produção. Inclusive a conter um segundo clip, assinado igualmente pelo "Moah".

E ao final do ano, em meio à retomada dos esforços para preparar mais músicas (a visar preparar possivelmente a segunda safra de músicas para se gravar em 2024), houve a notícia da entrada de Carlinhos Machado na formação oficial, e mais uma boa nova aconteceu ao nos dar um fantástico estímulo, quando fomos convidados para tocar no Instituto Cultural Bolívia Rock em fevereiro de 2024. 

Em suma, 2023 entrou para a história do Boca do Céu, como o seu melhor ano, não resta dúvida, pois finalmente entramos para o mapa da música profissional através do lançamento do single "1969" e oficialmente, caímos na "boca do povo", com o perdão pelo trocadilho, mediante a enorme repercussão positiva que essa música nos deu.

Que viesse 2024, com mais notícias boas e a concretizar tudo o que sonhamos nos anos setenta!

Continua...