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quarta-feira, 21 de fevereiro de 2018

Kim Kehl & Os Kurandeiros - Capítulo 7 - A Revirar o Baú dos Kurandeiros - Por Luiz Domingues

O nosso primeiro compromisso para o início de agosto de 2017, foi uma volta ao espaço onde havíamos sido muito bem tratados pela direção do estabelecimento, em nossa primeira estada ali, mas que também havia nos proporcionado alguns dissabores, perpetrados por alguns membros da plateia que exageraram no uso de bebidas alcoólicas e naturalmente com tal fator a tirar-lhes o freio social, a torná-los assim, inconvenientes. Outro aspecto negativo foi por conta da estrutura inadequada, principalmente na questão do suporte de energia elétrica para a banda poder montar o seu equipamento.

Portanto, sob uma análise objetiva, eu diria que pelas questões negativas e não por culpa da casa, bastava tomarmos providências para evitar ou minimizar os problemas, e foi assim que planejamos uma volta ao estabelecimento. Mas o local da apresentação era externo e sim, estou a referir-me ao boulevard onde ficava a casa, "Cervejaria da Granja". Prevenidos em relação às dificuldades no suporte energético ali naquele espaço, providenciamos mais extensões.

Mas pelo fato de que o show seria mais uma vez ao ar livre, as intempéries da natureza poderiam atrapalhar, e esse risco ali mostrava-se permanente por tais circunstâncias. Por muito azar, um dia antes da apresentação, choveu muito. Ora, nos meses de inverno, a incidência de chuva em São Paulo, é praticamente nula, historicamente, todavia, tal fato deixou-nos receosos pela realização do show, no dia seguinte.

Em suspense, ficamos horas a consultar sites com dados de meteorologia para saber das condições na Granja Viana, bairro onde ficava o estabelecimento e assim, só quase no início da noite, resolvemos não cancelar, mediante a perspectiva de que estava afastada a possibilidade de uma chuva torrencial, mas apenas uma garoa. Mesmo assim, ao chegarmos no estabelecimento, uma tenda fora providenciada pela casa, portanto, mesmo se a garoa viesse conforme o previsto, a nossa integridade e sobretudo de nossos instrumentos e equipamentos, que de forma alguma poderiam ficar expostos, estaria garantida. Resolvida essa questão de abrigo, e com extensões extra para prover a energia com maior segurança, tudo parecia estar bem, no entanto uma surpresa desagradável ocorreu. Ao providenciar a extensão principal, ligada na caixa de força da Cervejaria, o funcionário ligou no "220", e não avisou ao Kim, que usaria essa fonte primordial para alimentar a sua mini usina energética que daí sim, alimentaria todas as demandas da banda...

Assim que ligou o seu estabilizador de voltagem, o inevitável ocorreu, com o ruído típico de queima, seguido da fumaça característica... bem, essa apresentação já estava sob judice desde a suspeita de chuva, portanto, queimar a usina foi a prova cabal de que não deveríamos ter saído de casa nessa noite, se tivéssemos seguido a orientação do horóscopo de jornal. Mas resilientes como sempre, Os Kurandeiros dificilmente desanimavam ante adversidades, e banda "cascuda" que era/é desde sempre, deu um jeito, porque com o perdão do clichê surrado, "o show deve continuar"... portanto, a arriscar ligar tudo com extensões e sem a usina, a garantir a estabilidade da eletricidade, a banda achou solução e começou a tocar, heroicamente, eu diria.

Tudo ia relativamente bem, até o término da primeira entrada, quando nos confraternizamos com amigos que ali prestigiaram-nos. Entre eles, Landoneto, o responsável pela nossa primeira ida ao estabelecimento, mais Regina de Fátima Galassi, que estava a acompanhar a banda há tempos e fotografar/filmar, constantemente. E também uma surpresa, a compositora paranaense, Suka Rodrigues, viúva do grande, Ivo Rodrigues, ex-guitarrista, cantor e compositor de bandas seminais do Rock brasileiro setentista, tais como "A Chave" e "Blindagem".

Ela estava a visitar a sua filha que morava em São Paulo, no bairro de Alphaville, portanto relativamente perto da Granja Viana. Agradável surpresa, conversamos bastante. Isso sem contar a presença simpática de um casal de amigos da Regina, cuja moça, chamada, Sandra, já houvera nos assistido ali, por ocasião de nossa primeira apresentação e tanto ela quanto o seu marido, sendo super simpáticos para conosco. 

Os Kurandeiros em ação na Cervejaria da Granja no dia 3 de agosto de 2017, Ainda bem que o gazebo nos deu um abrigo mínimo ali. Click, acervo e cortesia: Regina de Fátima Galassi

Mas aí a tal da garoa fina tratou de intensificar-se e ao insinuar-se em chuva, mesmo, com pingos grossos vindos sobre a mesa onde estávamos a conversar, corremos para recolher o equipamento e o cancelamento pareceu-nos inevitável. Mas ficou só na ameaça, e assim resolvemos voltar para a segunda entrada. Foi quando outra surpresa ocorreu. Uma viatura da polícia e um carro oficial com funcionários públicos munidos com pranchetas e aparelhos de medição de decibéis em mãos... uma reclamação eclodira da parte de uma residência próxima e parece que o nosso Blues-Rock estava a atrapalhar a melhor compreensão dos diálogos travados pelos personagens da novela das nove... 


Go, Kurandeiros! Os Kurandeiros em ação na Cervejaria da Granja, em São Paulo, no dia 3 de agosto de 2017. Click, acervo e cortesia: Regina de Fátima Galassi 

Seguiram-se pedidos para que abaixássemos o som imediatamente e resolvemos parar, ao vermos a proprietária da casa, a conversar com os fiscais e policiais. Mas súbito, eis que todos foram embora e a proprietária sinalizou-nos para que continuássemos apenas a conter o ímpeto. Apesar da resolução da parte da mandatária da casa ter tido a sua razão plausível, não existe nada mais anticlímax para uma banda, do que esse verdadeiro choque térmico em ter que conter volume e assim quebrar completamente o astral do show. Mesmo com o ânimo coibido, seguimos a tocar, ao fazermos uso de um repertório mais ameno, é bem verdade. Nesse ínterim, vimos várias viaturas a passar e por duas vezes os policiais pararam e ficaram a conversar com a dona e o gerente. Isso sem contar que um funcionário público ficou ostensivamente parado do outro lado da rua, no estacionamento de um supermercado, a usar o medidor de decibéis, por pelo menos meia hora. 

Não critico, ao raciocinar como cidadão, pois entendo que shows ao ar livre tendem a irritar pessoas que não estão a apreciar o evento. Isso é muito normal e claro que o direito delas ao silêncio nesse horário avançado fora legítimo. Por outro lado, não sendo parcial pela obviedade da situação, mas a relatar o que ali vi e vivi, o nosso volume não se mostrara nada ensurdecedor.

Eu e Kim usávamos amplificadores estilo "cubo", bem modestos em sua potência e não plugados no mini PA. O PA, por sua vez, também bem comedido e a alimentar apenas as vozes e tendo como atenuante o fato da bateria estar completamente "in natura", sem tratamento sonoro algum, portanto, não foi nada absurdo o que produzimos ali. 

"Meu Último Blues", (trecho  - a criar a música ali, ao vivo, e bem na hora que os dirigentes da casa conversavam com policiais e fiscais a respeito do volume...) Cervejaria da Granja, São Paulo. 3 de agosto de 2017

Eis o Link para assistir no YouTube:
https://www.youtube.com/watch?v=d8el07lK9PE 

Fomos a postergar a apresentação, mas sem dúvida que o astral por conta dessas inspeções policiais foi afetado e assim, a performance arrastou-se até o próximo intervalo. Sinceramente, achei que estaria encerrada a nossa participação. Se mais cedo a polícia e os fiscais permaneceram renitentes, a alegar reclamações da vizinhança, como acreditar ser possível haver uma terceira entrada, com o horário ainda mais avançado?

Mas o Kim não só começou a tocar Rocks mais vigorosos, como aumentou o volume e perpetrou as suas costumeiras brincadeiras ao microfone, ao mexer com o público etc. Portanto, acredito que a senhora idosa que queria ver a sua novela em paz, foi dormir e após a ingestão de seu reconfortante chá de maracujá, dever ter apagado no sofá, e ignorado por conseguinte, o Led Zeppelin que tocamos com acentuado vigor... 

Desta feita, a presença de playboys impetuosos foi bastante amenizada, pois a casa organizara uma festa para motociclistas e com tal público em maioria ali presente, dessa maneira, predominou a sua reação muito mais calorosa e respeitosa para conosco. Mas havia sim o contingente de garotões bem-nascidos e malcriados, altivos como sempre e muitos que estiveram ali, por ocasião da nossa primeira vez nesse espaço e já relatado anteriormente. Mais uma vez bêbados sem noção vieram pedir para "cantar" e pasmem, aquela senhora que nos destratara na primeira vez, e cujo caso comentei anteriormente, novamente veio pedir para assumir o microfone, também. Bem, como costumava dizer o Kim nessas situações : -"o karaokê é ali na esquina"... 

"Dead Flowers" (trecho) (The Rolling Stones), na Cervejaria da Granja, de São Paulo, em 3 de agosto de 2017

Eis o Link para assistir no YouTube:
https://www.youtube.com/watch?v=0MHweM2os3A  

Tirante tudo isso, a apresentação foi boa nos momentos em que tocamos livremente sem a apreensão gerada por reclamações; presença policial e de fiscais etc. E mais uma vez, a hospitalidade ofertada pelo simpáticos Prado, pai & filha, mais garçons e o gerente, foi muito positiva. E a noite encerrou-se sob intenso frio, tendo como antídoto uma sopa quente e saborosa, servida por um "food truck" estacionado em frente e espertamente a atrair a atenção dos frequentadores da cervejaria. 


A noite de revés encerrou-se com mais uma surpresa, nem tanto grave, mas que tratou por coroá-la como uma noite sob infortúnios. No caminho para a estrada que deixar-nos-ia na pista certa, sentido São Paulo, através de um emaranhado de ruas estreitas, eis que nos deparamos com uma súbita interdição para obras, da parte da companhia de água e esgoto do estado de São Paulo, a gloriosa "Sabesp".

Sem outra alternativa mais prática, mediante uma longa passagem pela pista contrária da estrada, eis que finalmente encontramos um retorno. Cerca de três horas da manhã e a estrada mostrava-se repleta por caminhões que estavam a vir de diversos quadrantes do interior do estado rumo à capital. Todos pareciam ensandecidos, em velocidade muito acima da permitida e muitas vezes a disputar corrida entre si, perfilados nas quatro faixas da autoestrada.

Tivemos que dirigir com bastante atenção naquele inferno tenso que me recordou o filme dos anos setenta, "Duel" ("Encurralado"), com o personagem do ator, Dennis Weaver, sendo perseguido por um caminhoneiro assassino que queria matá-lo a todo custo e sem nenhuma motivação plausível e aparente... 

Carlinhos Machado a tocar em uma estufa botânica? Os Kurandeiros na Cervejaria da Granja em São Paulo no dia 3 de agosto de 2017. Click, acervo e cortesia: Regina de Fátima Galassi

Aconteceu no dia 3 de agosto de 2017, na Cervejaria da Granja, no bairro da Granja Viana, zona sudoeste de São Paulo. O próximo compromisso seria na semana subsequente, no Santa Sede Rock Bar, a sempre simpática casa dos amigos: Cleber Lessa e Fernando Camacho. 

Após uma noite com muitas emoções na Granja Viana, o próximo compromisso d’Os Kurandeiros ocorreria no mesmo mês de agosto, em uma volta ao Santa Sede Rock Bar. Sempre prazeroso estar no reduto Rocker & Hippie da zona norte de São Paulo e de fato, fizemos mais uma animada apresentação.

Flagrantes da apresentação d'Os Kurandeiros no Santa Sede Rock Bar de São Paulo em 11 de agosto de 2017. Clicks, acervo e cortesia: Regina de Fátima Galassi (foto 2 com click de Lara Pap)

Kico Stone, o amigo e film-maker da pesada, apareceu e novamente filmou-nos em ação, com sua categoria digna de um cinegrafista profissional. Eis abaixo, um apanhado de nossa apresentação no Santa Sede Rock Bar, de São Paulo, no dia 11 de agosto de 2017, sob a ótica do grande Kico Stone:

Eis o Link para assistir no YouTube:  

https://www.youtube.com/watch?v=8Z-YRSHvKV4&t=5s

"O Kurandeiro", no Santa Sede Rock Bar, de São Paulo, em 11 de agosto de 2017. Filmagem de Regina de Fátima Galassi

Eis o Link para assistir no YouTube:

https://www.youtube.com/watch?v=J6tQ85aRrbc

Bem, foi ótima a noitada, nenhuma turma de estudantes de direito apareceu para pendurar a conta em nome da tradição do dia 11 de agosto, e de lá saímos satisfeitos com a performance e as reações.

A nossa próxima parada foi uma volta à simpática casa próxima do aeroporto de Congonhas, e onde já havíamos tocado duas vezes anteriormente, ao deixar-nos com a boa impressão pela acolhida e caráter aconchegante do estabelecimento. Tratou-se do "Tchê Café", casa bem montada e onde a disponibilidade de backline e até de instrumentos de bom nível, surpreendia, pelo seu aspecto nada usual.

Muitas imagens sobre a apresentação d'Os Kurandeiros no Tchê Café de São Paulo em 18 de agosto de 2017. Clicks, acervo e cortesia: Regina de Fátima Galassi

Foi na noite de 18 de agosto de 2017, ainda sob frio de inverno e achamos que dada a temperatura baixa naquela noite, a tendência dos clientes da casa em privilegiar a parte externa, ao ar livre para usufruto, ao menos nessa noite mudaria, porém no decorrer da noitada, percebemos que não, a prática habitual prevaleceu ali. 




Mais flagrantes da apresentação d'Os Kurandeiros no Tchê Café de São Paulo em 18 de agosto de 2018. Clicks, acervo e cortesia: Regina de Fátima Galassi

Outro aspecto que lastimamos, mas não teve nada a ver conosco, diretamente, foi quando o Carlinhos chegou para ajustar as peças da bateria e verificou que os pratos disponibilizados eram de qualidade inferior, visto que nas ocasiões anteriores, o dono da casa deixara-o usar a vontade, um kit novo em folha da marca, "Zildjian", consagrada marca norte-americana.

Claro que o Carlinhos levara os seus pratos particulares, uma praxe de todo o baterista, mesmo quando está combinado em usar-se a bateria disponibilizada pelo contratante, mas ao indagar o porquê da ausência dos pratos bons da casa, foi colocado a par de que um outro baterista que ali apresentara-se com uma banda, furtara todos os pratos bons disponibilizados pelo estabelecimento.

Estava explicada a troca por pratos inferiores e de fato, a lastimar-se muito a atitude sorrateira. Esse tal músico, além de ser um ladrão contumaz, é também um idiota, pois é claro que o dono sabe muito bem de quem se trata e a sua banda ganhou fama no métier por conseguinte, a prejudicar-se e mesmo que seus companheiros não possam ser co-responsabilizados diretamente.

Profundamente lamentável e explica muito da estupefação nossa desde a primeira vez que ali apresentáramo-nos, ao tomarmos conhecimento que a casa oferecia instrumentos para qualquer banda que ali aparecia, pois no Brasil, é muito normal que os "espertos de plantão" sejam profundamente desrespeitosos com o patrimônio alheio.

"Gimme Shelter" (The Rolling Stones), no Tchê Café de São Paulo, no dia 18 de agosto de 2017

Eis o Link para assistir no YouTube:
https://www.youtube.com/watch?v=TPU78-8Rp0Y  

"Rock'n Roll (Led Zeppelin), no Tchê Café de São Paulo, no dia 18 de agosto de 2017

Eis o Link para assistir no YouTube:
https://www.youtube.com/watch?v=4uWi4bx3YHc

O amigo, Toni Estrella, em pé e de costas, a falar com Carlinhos Machado e Luiz Domingues. A esposa dele, em pé, também. Os Kurandeiros no Tchê Café de São Paulo, em 18 de agosto de 2017. Click, acervo e cortesia: Regina de Fátima Galassi

O nosso próximo compromisso seria dali a dois dias, em uma casa a ostentar uma estrutura mais sofisticada para shows, na zona norte de São Paulo.

Uma oportunidade rara no ambiente musical de fim de segunda década do século XXI, digo isso com pesar, uma casa noturna com infraestrutura bem avantajada, abriu as suas portas para um show compartilhado d’Os Kurandeiros com mais duas bandas, ao caracterizar-se praticamente como um micro festival, pode-se afirmar. 

Tal casa em questão foi o Gillian's Inn, um estabelecimento que desde que fora fundado, por volta de 2011, tinha a salutar prática em abrir as suas portas para bandas autorais, embora também tivesse nesse ínterim, que render-se à realidade da necessidade em agendar bandas cover / tributo, como fator de sobrevivência, porém mesmo assim, esforçava-se para manter um espaço aos outsiders do underground mais profundo, portanto era fator a comemorar-se mediante fogos de artifício.

Eu (Luiz Domingues), por ocasião da minha apresentação com o Pedra em 2012, em outra unidade da casa de espetáculos, Gillan's Inn. Click, acervo e cortesia: Naty Farfan

Eu já havia me apresentado nesse estabelecimento uma vez, no ano de 2012, com o "Pedra" e a repetir um padrão, por estar inserido em um espetáculo triplo, daquela vez compartilhado com as bandas: "Tomada" e "Balls". E devo acrescentar que a casa operava nessa ocasião em outro endereço, próximo à Praça Roosevelt, no bairro da Consolação, bem perto do centro da capital paulista. Posteriormente, soube que se mudara para outro endereço, ali perto mesmo, a ocupar um espaço bem mais amplo, com direito a uma infraestrutura melhor para shows, mediante a presença de um palco grande, melhores camarins e tudo mais.

Agora, 2017, estava a ostentar um novo local, a caracterizar o seu terceiro endereço, e desta feita sob uma mudança radical, foi estabelecer-se na zona norte de São Paulo, no bucólico bairro do Jardim São Paulo. Nessa ocasião, além d’Os Kurandeiros, o show seria também compartilhado por duas bandas com sonoridades bem distintas entre si e conosco, igualmente. A primeira, chamada: "Boomer", ao realizar um Pop Rock com ares oitentistas e a outra, "Pop Javali", que apesar da sugestão implícita de seu título, apresentava um Heavy Metal super técnico, a esbarrar em virtuosismos bem acentuados. Interessante, um show triplo com bandas autorais a exibir trabalhos bem diferentes, parecia mais que uma estratégia eclética a demonstrar ousadia por parte da produção, mas haveria por atrair públicos específicos de cada sonoridade e na soma, garantir a todas, um quórum significativo, assim esperávamos.  

 
No camarim do Gillan's Inn, o trio Kurandeiro no aguardo de ir para o palco. 20 de agosto de 2017. Clicks (Selfies), acervo e cortesia: Kim Kehl

E assim fomos para o soundcheck na parte vespertina do domingo, sob uma chuva bastante desagradável para quem vai participar de uma produção que depende da movimentação da bilheteria e não dava nem para lastimar o azar de uma chuva em pleno agosto, mês que tradicionalmente é seco e frio, mas apenas constatar que em uma época tão carente de oportunidades, foi para lastimar-se ter intempéries da natureza a atrapalhar uma rara chance para tocar-se em uma casa melhor estruturada e dentro da realidade de um show 100% autoral. Paciência. 

Passamos o som e a casa apresentava um PA compatível com o espaço e seu técnico mostrou-se competente e eficaz na preparação do nosso set up. E convenhamos, o nosso “rider técnico” era bem simples quando nos apresentávamos no formato Power Trio, portanto, a facilidade em preparar o nosso set up, foi total. No camarim, esperamos pelo soundcheck do Pop Javali e do Boomer, que na ordem inversa desse procedimento prévio, abriu a noitada. 

Assisti o show do Boomer em meio ao público, e gostei da sua apresentação, a mostrar composições bem ao gosto do Pop Rock da década de oitenta. Essa estética não é do meu agrado, todo leitor da minha autobiografia está amplamente avisado sobre isso, mas uma coisa é certa, gosto pessoal a parte, os rapazes apresentaram boas composições e desenvoltura.

Formatado como quarteto, o Boomer impressionou-me bem, gostei de sua apresentação, inclusive ao prestar atenção nas boas letras versadas pela preocupação em exprimir crônicas do cotidiano urbano, tipo de temática que agrada-me, certamente, ultra paulistano que sou. Com uma boa cozinha, e a ter o acréscimo do vocalista principal a tocar uma competente guitarra base e um guitarrista solista, com bastante qualidade (além de todos fazer backing vocals afinados), é claro que a sonoridade teria que ser agradável e o foi.

Enquanto assistia a sua performance, um pensamento veio à minha mente: incrível como estavam a surgir bandas que naquela atualidade de 2017, pretendiam resgatar a sonoridade dos anos oitenta (leia-se na realidade do Pop Rock dentro da cena do BR-Rock, daquela década), mas que soavam paradoxalmente muito melhores do que os artistas que eles deviam admirar. Minha tese é de que essa turma atual primeiro aprendeu a tocar instrumentos e depois preocupou-se em formar bandas, ao contrário de seus ídolos que fizeram o contrário, respaldados pelos ideais errôneos da "revolução Punk" que os inebriou naquela ocasião. Dessa forma, bandas como o "8080", "Flying Chair" e o "Boomer", que buscavam tais sonoridades da década de 1980, são em realidade, muito melhores que as bandas que as influenciam, em tese. 

Os Kurandeiros em ação no palco do Gillan's Inn de São Paulo em 20 de agosto de 2017. Acervo e cortesia: Kim Kehl. Click: Lara Pap

Nos últimos momentos do show do Boomer, fui ao camarim iniciar a minha preparação final para entrar em cena e ainda comemorei a releitura que eles incluíram em seu show, ao executar "Come Togheter" dos Beatles, ou seja, nem só de produção oitentista eles eram influenciados, ainda bem.

Chegara a nossa vez e fomos apresentados pelo Adilson Oliveira que é um dos dirigentes da Webradio Stay Rock Brazil (e também é um excelente guitarrista e professor de música, sendo membro da banda base do Lee Recorda, um dos remanescentes da banda setentista: "Recordando o Vale das Maçãs", em plena atividade e a apresentar em sua formação, o baixista virtuose, Fernando Tavares como colega de banda, ou seja, uma banda de alto nível), com uma reverência tremenda que chegou a provocar-me arrepios. 

Seu respeito pela nossa banda e também incluso o bojo da carreira pregressa de cada componente, foi emocionante e quase desestabilizador, pois dentro dessa aura de comoção, ficou meio comprometida a nossa capacidade de concentração, porém e aí posso contabilizar como lucro, o fato de que envelhecer tem o lado bom da experiência acumulada em detrimento das mazelas decorrentes da decrepitude física em curso, portanto, balançamos mas não caímos, como falava-se no humorismo popular de antigamente... 

 

Roberto San'Anna, músico e fotógrafo, amigo virtual pelas Redes Sociais da Internet, de longa data, apareceu e conversamos bastante nos momentos pré-show. As três fotos acima do nosso show, são de sua autoria. Os Kurandeiros no Gillan's Inn de São Paulo, em 20 de agosto de 2017. Clicks, acervo e cortesia: Roberto San'tanna

Logo na primeira música, a simpatia do público foi muito boa e nós embalamos uma bela performance da música: "A Noite Inteira", mas um fato alheio à minha vontade, ocorreu. Na parte da parada gerada do instrumental, arranjo que estabelecemos fazer ao vivo e diferente da versão de estúdio, eu costumava percutir nas cordas abafadas do meu baixo, ao usá-lo como a um instrumento de percussão, mas enquanto o Kim brincava com a plateia e Carlinhos mantinha o ritmo, notei que o som do meu baixo falhava e não deu outra, uma pane instaurou-se no meu amplificador.

Assim que chegou a vez de voltar para a música e ao observar que meus esforços para resolver a falha ali não lograram êxito, sinalizei ao Kim que não conseguiria prosseguir e que ele e Carlinhos levassem a música até ao seu final. Imediatamente o técnico de som e o amigo, Adilson Oliveira, vieram mexer no amplificador, mas ele não mostrava reação.

Foi quando o aparelho voltou de forma inexplicável e o show prosseguiu sem mais percalços, ainda bem. Vida que seguiu, falhas técnicas que aborrecem, mas que são dribladas, sempre. 

Eis um "trailer" do especial a cobrir nossa participação no Gillan's Inn, ao anunciar a seguir, o lançamento do vídeo completo. 20 de agosto de 2017. Filmagem de Kico Stone

O Link para assistir no YouTube:  
https://www.youtube.com/watch?v=944sEUTWA18 

 

Mais registros d'Os Kurandeiros em ação no Gillan's Inn de São Paulo, em 20 de agosto de 2017. Clicks, acervo e cortesia de Regina de Fátima Galassi 

Dali em diante e sem prejuízo pela falha técnica logo na primeira música, o show foi ótimo, com a banda a apresentar uma ótima performance e a ser muito aplaudida. Encerramos felizes pela nossa participação e dali, entregamos o palco para o Pop Javali. 

Os amigos: Roberto Sant'Anna; Regina de Fátima Galassi e eu (Luiz Domingues), no Gillan's Inn de São Paulo, em 20 de agosto de 2017. Acervo e cortesia de Regina de Fátima Galassi. Click: Lara Pap

Veio a seguir o Pop Javali e eu já havia ficado muito lisonjeado pela forma carinhosa com a qual seus componentes haviam falado comigo no camarim e durante o soundcheck, ao demonstrarem-se muito gentis em enaltecer a minha carreira pregressa, e citar A Chave do Sol como um trabalho que os influenciara na década de oitenta. Por essa eu não esperava e claro que fiquei muito enaltecido e agradecido. Fora disso, pessoas de uma gentileza ímpar e muito bem articulados, evidentemente que a nossa conversa nos bastidores foi das mais agradáveis. 

Sobre o show deles, assisti parcialmente, pois na primeira parte estava a arrumar minhas coisas no camarim, já preocupado em deixar tudo arrumado para a saída posterior, somente a ouvir a rebarba do som que vinha do palco, em um primeiro instante. 

Quando fui para a plateia assistir de fato, já chegava à metade a apresentação deles e pude constatar que eram/são excelentes músicos e com tal nível técnico elevado ao seu favor, realmente impressiona a robustez instrumental dos três componentes, inclusive a demonstrar virtuosismo em diversas passagens de seu instrumental. A estética por eles adotada, era a do Heavy Metal, e se não sei definir ao certo em qual de suas inúmeras subdivisões o trabalho dos rapazes encaixava-se, obviamente era pesado demais para o meu gosto, mas isso não desabonou em nada o bom trabalho deles. 

No momento do pós-show, a agradecer ao público. Os Kurandeiros no Gillan's Inn de São Paulo, em 20 de agosto de 2017. Acervo e cortesia: Kim Kehl. Click: Lara Pap

Fechada a noite, pelo aspecto artístico, foi um triunfo a produção. Mas por outro lado, a chuva minou a presença de um público maior que certamente esperávamos. Cerca de um mês depois, o "Focus", lendária banda progressiva e setentista, de origem holandesa, apresentar-se-ia naquele palco, a mostrar que a casa tinha fôlego para apresentar atrações internacionais. 

Mais uma surpresa incrível tive, quando, alguns componentes e amigos da banda, Boomer, abordaram-me com muita simpatia ao revelar gostar do meu trabalho com A Chave do Sol nos anos oitenta, e claro que mais uma vez senti-me muito lisonjeado.

Os Kurandeiros no camarim. Da esquerda para a direita : Luiz Domingues; Kim Kehl e Carlinhos Machado. Os Kurandeiros no Gillan's Inn de São Paulo em 20 de agosto de 2017. Acervo e cortesia: Kim Kehl. Click de Lara Pap

Kico Stone, nosso amigo e film-maker de vários shows nossos, esteve presente e filmou a nossa performance, no formato de um micro especial, sempre bem-vindo para a videoteca da banda e minha em particular. Noite de 20 de agosto de 2017, um domingo chuvoso, mas proveitoso, com três bandas do mundo underground da música a apresentar os seus trabalhos autorais, uma chance rara no cenário da música underground de 2017...

Eis um resumo de nossa apresentação no Gillan's Inn de São Paulo, no dia 20 de agosto de 2017. Filmagem de Kico Stone.

O link para assistir no YouTube:  
https://www.youtube.com/watch?v=54LGz-94CbE

A nossa próxima apresentação ao vivo foi em um local inédito em nossa trajetória e inusitado, pelas suas instalações, sui generis, digamos assim. No entanto, não seria a primeira vez que apresentar-nos-íamos em um tipo de ambiente assim, não usual, e indo além, recentemente havíamos passado por experiência semelhante e cujas atuações (foram duas vezes nessa casa que cito, a "Cervejaria da Granja"), eu comentei anteriormente. 

Desta feita, a empreitada seria em um espaço criado pelo mandatário de uma padaria, localizada em um bairro da zona leste de São Paulo (Jardim Brasília), que sendo um entusiasta de Rock e música em geral, construiu um palco no estacionamento de seu estabelecimento e o denominara como: "Espaço Cultural Rock na Padoka", estava a produzir shows com bandas autorais do circuito underground, com regularidade. 

Ótimo, a ideia em haver um espaço assim com tal proposta dinâmica de produção aberta aos artistas outsiders do underground, por si só, já se mostrava muito animadora, mas ficou ainda melhor quando eu cheguei ao local, e sendo o primeiro da nossa banda a marcar presença, pude conversar bastante com o dono do estabelecimento, um rapaz apelidado como "Poia" e o seu sócio no projeto, o divulgador e produtor musical, Marcos Paulo. 

Pude notar pelo entusiasmo de ambos, que a produção estava de vento em popa, e sob uma segunda observação de minha parte, fiquei surpreendido pela estrutura física que montaram, com um palco espaçoso, coberto, e a conter um sistema de PA e iluminação e que diante de casas que produzem shows e obrigam os artistas a levar tudo, até usina de força elétrica, realmente mostrava-se um alento. 

No pré-show, o nosso set a postos. Acervo e cortesia de Espaço Cultural Rock na Padoka. Click, acervo e cortesia: Marcos Paulo

Logo a seguir vi a aproximação do Carlinhos Machado e enquanto ajudava-o a descarregar o seu automóvel, contei-lhe que estava impressionado pela estrutura, que era simples, mas funcional e que os mandatários da casa eram muito hospitaleiros. Encravado em um bairro longínquo da imensa zona leste de São Paulo, não me surpreendeu por outro lado, em nada, a questão da hospitalidade, pois sei de longa data que o calor humano advindo de comunidades mais simples da sociedade é sempre inversamente proporcional ao nariz empinado por parte de habitantes de bairros nobres da cidade (claro que eu sei que não se pode generalizar nem por um lado, quanto do outro).

Já anoitecia quando Kim Kehl e Lara Pap estacionaram o seu carro. Montamos o equipamento e vimos com alegria que pessoas chegavam e ocupavam mesas. Não havia cobrança de ingresso ao público e a padaria obtinha o seu lucro, teoricamente, no intenso movimento ali construído. Ótimo, banda feliz, dirigentes idem, e um espaço Rock na cidade, democrático e gratuito a deixar o público também satisfeito. Fora o fato de que ali tornava-se um polo para uma região carente em oportunidades e sendo bastante distante do centro da cidade, mostrava-se uma chance excelente para ter uma atividade cultural e ainda por cima, gratuita, com atrações toda sexta e sábado. 

Eu (Luiz Domingues) e o baixista superb, Fernando Tavares, que gentilmente veio prestigiar-nos no Espaço Cultural Rock na Padoka. Acervo e cortesia de Fernando Tavares. Click de sua esposa, Renata Tavares. 

Faltava pouco para iniciarmos a nossa apresentação, quando vejo a aproximação do baixista superb, Fernando Tavares, acompanhado de sua esposa. Fernando. Além de ser um virtuose, é um professor celebrado e foi por dois anos, o meu editor na revista, Bass Player, onde colaborei e era à ele que eu enviava os meus textos brutos etc. Nessa fase, envolvido com vários projetos (Banda "Apostrophe", Medusa Trio e na banda base do ex-"Recordando o Vale das Maçãs", o tecladista, Lee Recorda), Fernando veio prestigiar-nos e logo a seguir o guitarrista, Adilson Oliveira, que toca com ele na banda de Lee Recorda, apareceu, também. Figura igualmente sensacional, Adilson é um guitarrista virtuose e também ministra aulas, além de ser um dos produtores da Webradio Stay Rock Brazil.

 

Os Kurandeiros em ação no Espaço Cultural Rock na Padoka de São Paulo, em 2 de setembro de 2017. Clicks: 1) Fernando Silveira 2) Marinho MTB; 3 e 4) Marcos Paulo  

A nossa apresentação iniciou-se e infelizmente o PA da casa não segurou a nossa volúpia e assim, na terceira música o Kim pediu desculpas ao público, que já era muito bom nessa altura e paramos para instalar o PA da banda, que é pequeno, mas bem prático a atender a nossa demanda primordial. Feito isso, fizemos três entradas com bastante qualidade e resposta boa do público. Tanto nas canções autorais, quanto nas releituras que tocamos, a passear pelo Rock e Blues internacional, tudo funcionou bem e até a seleção de baladas sessenta/setentistas, agradou em cheio aos mais veteranos ali presentes, pois arrancou-lhes assovios e impressionei-me em ver pessoas a cantar conosco, sob certa comoção, eu diria.

"Caroline" (Status Quo), no Espaço Cultural Rock na Padoka, de São Paulo, em 2 de setembro de 2017.

Eis o Link para assistir no YouTube:
https://www.youtube.com/watch?v=6tf1oN1tzeI

"Faz Frio" (Kim Kehl), no Espaço Cultural Rock na Padoka, de São Paulo, em 2 de setembro de 2017.

Eis o Link para assistir no YouTube:
https://www.youtube.com/watch?v=OMR2Gb77j3M 

 
Os Kurandeiros em ação no Espaço Cultural Rock na Padoka, de São Paulo, em 2 de setembro de 2017. Foto1) Kim Kehl a conversar com o público. Foto 2) A banda a agradecer ao público no final. E na foto 3, o simpático coprodutor do projeto, Marcos Paulo, ao lado de Kim Kehl. Acervo e cortesia de Espaço Cultural Rock na Padoka. Clicks de Poio

Em suma, foi uma ótima apresentação e que abriu caminho para novas investidas futuras nesse prazeroso espaço onde fomos muito bem tratados. Noite do dia 2 de setembro de 2017, com seguramente mais de 100 pessoas a assistir-nos.

Passado o show agradável no Espaço Cultural Rock na Padoka, voltamos a outro espaço que recentemente abrira as suas portas para nós e mesmo sendo algo recente, já havíamos nos habituado a tocar e ser muito bem tratados, igualmente. E lá estávamos nós no Rockers Self Garage, a bela garagem das motos, encravada no bairro da Saúde, zona sul de São Paulo. Desta feita, haveria uma festa na casa e portanto, uma perspectiva boa em haver um público mais numeroso. 

 
Os Kurandeiros em ação no Rockers Self Garage de São Paulo, em 15 de setembro de 2017. Clicks: Foto 1) Lara Pap. Fotos 2 e 3) Regina de Fátima Galassi

E foi o que ocorreu, com um contingente maior e bem animado. Uma surpresa agradável, o amigo, Victor D'Avilla, apareceu acompanhado de sua esposa e filho, e foi agradabilíssimo poder conversar com ele, visto ser um apoiador de meus Blogs há muito tempo nas redes sociais da internet. Vocalista de uma banda de Heavy Metal, Victor é um rapaz culto, inteligentíssimo e muito bem articulado, portanto, a conversa foi muito boa, certamente. 

"Close to You" (Burt Bacharach/Hal David), no Rockers Self Garage de São Paulo, em 15 de setembro de 2017. Filmagem de Regina de Fátima Galassi.

Eis o Link para assistir no YouTube:
https://www.youtube.com/watch?v=Ri9jr1T7jqo

"Superstar" (Leon Russell/Bonnie Bramlett), no Rockers Self Garage de São Paulo, em 15 de setembro de 2017. Filmagem de Regina de Fátima Galassi.

Eis o Link para assistir no YouTube:
https://www.youtube.com/watch?v=myqqnFiFzGA 

"Caroline" (Status Quo) (trecho), no Rockers Self Garage de São Paulo, em 15 de setembro de 2017. Filmagem de Regina de Fátima Galassi.

Eis o Link para assistir no YouTube:
https://www.youtube.com/watch?v=oz1GRug4u_Q 

"Born to Be Wild" (Steppenwolf), no Rockers Self Garage de São Paulo, em 15 de maio de 2017.

Eis o Link para assistir no YouTube:
https://www.youtube.com/watch?v=oz1GRug4u_Q

Os Kurandeiros em ação no Rockers Self Garage de São Paulo, em 15 de setembro de 2017. Click, acervo e cortesia de Regina de Fátima Galassi 

Noite de 15 de setembro de 2017, no Rockers Self Garage de São Paulo, com mais de cem pessoas no recinto.

A próxima novidade, foi no campo discográfico. Uma coletânea a conter várias faixas inéditas, provenientes de formações anteriores e material da minha formação, incluso, estava pronta para ser lançada pelos Kurandeiros, oficialmente. Uma surpresa boa a reforçar a minha discografia e claro que me motivei muito quando o Kim anunciou o seu plano para lançar tal compilação.

Então o Kim anunciou-nos que estava a trabalhar na preparação de uma coletânea, um plano que ele tinha há tempos, ao visar desengavetar alguns singles gravados por formações anteriores, e algum material produzido pela nossa formação.

Ótima chance para ampliar o acervo fonográfico da banda (5º álbum dOs Kurandeiros), além dessa formação em específico (2º dessa formação da qual faço parte, desde de agosto de 2011), e sobre a minha discografia pessoal, tornou-se então, o meu 19º álbum da minha carreira inteira, até este instante, setembro de 2017. Claro que me animei de imediato com tal perspectiva, mesmo tendo no bojo de seu repertório, apenas duas faixas em que participo. Uma delas trata-se do single, "Estratosfera", anteriormente lançado em 2012, sob o nome de "Sliding in the Stratosphear", e uma canção gravada ao vivo, um blues chamado: "Má Noite".

Sobre "Estratosfera", eu já a analisei em capítulo correspondente aos fatos ocorridos no ano de 2012, quando de seu lançamento como single, portanto, falarei mais detidamente sobre a faixa, "Má Noite".

Essa música é originariamente uma peça do repertório da banda: "Nasi & Os Irmãos do Blues", na qual o Kim foi componente ao lado do ex-vocalista do "Ira!", Nasi. Inspirada livremente no clássico do Blues, "Black Night", do compositor, Charles Brown (lançada em 1951), tal canção incorporou-se ao repertório d’Os Kurandeiros por volta de 2014.

Sobre essa gravação ao vivo, ocorreu em outubro de 2015, no Rocks Studio de São Paulo, sob produção de captura e mixagem de Fábio Hoffmann e sendo usada para ilustrar a nossa participação no especial / entrevista da banda para o programa: "Live on the Rocks", da Webradio Stay Rock Brazil, realizada e gravada no mesmo dia e local. A produção e condução de entrevista do programa ficou a cargo de Renato Menez, Adilson Oliveira e Rogério Utrila. 

Sobre a performance da banda nessa faixa, digo que gosto bastante da sua introdução agressiva em forma de convenção, sob compasso 6/8, e que remete ao som do Allman Brothers Band, sem dúvida alguma. A parte cantada segue uma condução mais conservadora do blues tradicional, e com um senso dinâmico muito bom. Considere o leitor que foi uma canção gravada ao vivo, sem "overdubs", portanto, em tomada única, e nessas circunstâncias, acho que a performance da banda foi muito boa, mesmo porque, não ensaiamos previamente para esse compromisso e no real "espírito Kurandeiro" de improviso, fomos com a cara e a coragem e dessa forma, essa gravação ao vivo é, ao meu ver, memorável para a discografia da banda.

Aprecio os timbres de todos os instrumentos. Meu baixo ficou mais grave do que eu gosto normalmente, mas está bem encorpado, reconheço, embora soe quase como um Fender Jazz Bass, quando na verdade usei um genérico de Fender Precision. Faltou o estalo médio / agudo que uso geralmente na regulagem de amplificador, mas sei que o Fábio deve ter coibido tal frequência ao temer choque com as frequências onde o órgão atua normalmente e daí, privilegiou o grave e o médio/grave na sua mixagem de meu instrumento. Bem interessante também o som da guitarra e até a sobra de um ruído de estática elétrica vindo do amplificador do Kim ao final da performance, pode ser considerada "charmosa" por denotar a completa ausência de maquiagens, sob uma gravação absolutamente "ao vivo", de fato.

Nelson com o simulador de órgão Hammond pontuou muito bem (como sempre), ao fazer aquela condução leve, ao sabor do som de Greg Allman, Booker T. ou Jimmy Smith, na escolha do Draw Bar do teclado, além de uma sutil distorção em alguns momentos, bastante agradável. Sobre a bateria, sinto falta de uma melhor presença do bumbo, mas agrada-me o som da caixa sem reverber e o timbre do chimbau, valorizado pelos desenhos dobrados que o Carlinhos fez de improviso na hora e que ficaram muito bons, em minha opinião.

A voz do Kim ficou bem na frente, nítida, e dá para acompanhar perfeitamente a letra, com bastante inteligibilidade. Gostei do tratamento da voz dado pelo Fábio Hoffmann, sob econômico uso de processadores. Sem muita compressão, delay e reverber, ao usar o mínimo desses recursos, valorizou o timbre natural da voz do Kim. 

Foto de outubro de 2015, com a banda reunida na sala de espera do Rocks Studio, a aguardar o início da gravação do programa, "Live on the Rocks", da Webradio Stay Rock Brazil, e cuja música "Má Noite",  que já comentei, foi gravada. Da esquerda para a direita: Eu (Luiz Domingues, em pé), Carlinhos Machado; Nelson Ferraresso e Kim Kehl. Acervo e cortesia: Kim Kehl. Click: Lara Pap 

Em suma, uma gravação ao vivo surpreendente sob todos os pontos de vista analisados e assim, parabenizo o Fábio Hoffmann que fez um belo trabalho de captura e mixagem desse material, ao torná-lo viável, ao ponto de ser incluído nessa compilação. E também à nossa banda que teve uma performance muito boa, em tomada única. 

Denominado como: "O Baú dos Kurandeiros", tal compilação traz, além das faixas em que já comentei e participo, mais oito canções: "Miséria & Solidão, "Oh Rita", "Negócios no Interior", "Problemas", "Sou Duro", "O Jardim" e uma versão ao vivo de "Só Alegria"(com outra formação, bem-entendido). Contém também uma remix ao estilo de música eletrônica, da música "Maria Maluca", sob a batuta do produtor musical internacional, Bovine. 

Produção geral de Kim Kehl
Assistência executiva de Lara Pap
Técnicos de captura e mixagem: Marcos Burú; Edu Gomes e Fábio Hoffmann
Remix: Bovine ("Maria Maluca") 
Capa, Logotipo, Lay-Out e Arte-Final de Johnny Adriani (in memorian)
Lançamento: Outubro de 2017

Quis o destino que os primeiros shows calcados na divulgação do novo álbum lançado, fossem na cidade de Santo André, reduto Rocker tradicional na região do Grande ABC paulista. Ótimo, logicamente que ficamos animados com tal perspectiva.

E a primeira oportunidade ocorreu em uma casa onde fomos pela primeira vez apresentarmo-nos, denominada: "Cactus Grill". Logo que cheguei ao estabelecimento, animei-me com a receptividade do seu mandatário, um rapaz chamado, Álvaro. Mediante uma turnê pelas instalações, tendo o ambiente todo decorado com ícones do Rock a não me deixar dúvida que a noite prometia, a boa impressão inicial reforçou-se. Ao tratar-se de uma casa ampla, outrora com função residencial, Álvaro adaptou-a como um estabelecimento para shows ao estilo de um micro Café Teatro e a manter os demais ambientes do empreendimento, como uma lanchonete dinâmica. Sua localização, muito interessante, em frente ao Campus da Universidade Federal do ABC, sugeria também uma forte movimentação, pela obviedade em transitar por ali, milhares de jovens universitários. 

O palco montado para o ataque dos Kurandeiros no Cactus Grill de Santo André- SP, em 11 de outubro de 2017. Acervo e cortesia: Kim Kehl. Click: Lara Pap  

Foi um show muito energético, com resposta boa do público e onde tocamos duas músicas novas para a minha formação, mas antigas no repertório da banda, e agora reincorporadas graças às suas respectivas inclusões no recente álbum, com caráter de coletânea, chamado como: "O Baú dos Kurandeiros" ("Miséria e Solidão" e "Oh Rita"). Um pequeno acidente aconteceu-me, mas sem prejuízo muito intenso para a performance da banda, quando a minha correia estourou, quase ao final da apresentação. Corri ao camarim para apanhar a minha correia reserva, e certamente que sempre tenho uma disponível como praxe profissional do cotidiano, mas simplesmente não a encontrei no "case" (estojo) do meu instrumento. A correia reserva do Kim também foi tentada, mas não houve ajuste no "strap lock" do meu instrumento, e assim tive que adotar doravante a postura deselegante em tocar sentado em cima de meu amplificador, inevitável ante as circunstâncias.

Os Kurandeiros em ação no Cactus Grill de Santo André-SP, em 11 de outubro de 2017. Click, acervo e cortesia de Raphael Rodrigues

Inconformado, assim que o show acabou (e mesmo tendo notado que esse fato cênico em nada desabonara a nossa performance, visto a euforia do público ao seu final, não nos deixar dúvida do bom show que fizéramos, mesmo assim), fui rapidamente ao camarim e fiz uma nova inspeção no meu "case" e eis que achei a minha correia, sob um recôndito espaço onde anteriormente eu passara a minha mão e simplesmente não a sentira. Acontece, muito provavelmente no momento agudo em que fui procurá-la, com o show em curso, fui traído pela pressa. É assim, a pressa é sempre a inimiga da perfeição, ditado precioso. 

 
Kim Kehl em ação com Os Kurandeiros no Cactus Grill de Santo André-SP, no dia 11 de outubro de 2017. Clicks, acervo e cortesia de Goreti Souza

Posteriormente, mantivemos uma conversa agradável com o proprietário da casa e sua esposa, fora a constatação de que os funcionários do estabelecimento foram receptivos e o público caloroso, portanto, tratou-se de fato de uma apresentação memorável. 

Confraternização com o amigo, Thiago Rodrigues, irmão do fã/amigo, Raphael Rodrigues, um grande colecionador de discos e uma enciclopédia ambulante sobre a história do Rock. Os Kurandeiros no Cactus Grill de Santo André-SP, em 11 de outubro de 2017. Acervo e cortesia de Thiago Rodrigues. Click: Raphael Rodrigues.

Por pura coincidência, o nosso próximo compromisso aconteceria na mesma cidade, poucos dias depois e desta feita, em um espaço onde já tínhamos inúmeras passagens e lembranças acumuladas...

Então, voltamos à simpática cidade de Santo André-SP e desta feita a fim de cumprir compromisso no Espaço Cultural Gambalaia, um micro Teatro charmoso e no qual já havíamos tocado várias vezes, na minha formação, desde 2011, logo que entrei no time.

Foi em um domingo com frio surpreendente e garoa, ao tratar-se da primavera em pleno curso e por levar-se em conta igualmente, que os dias anteriores haviam sido bem quentes, ou seja, tal componente surpreendente no quesito da meteorologia, somou-se a duas outras agravantes : show do Paul McCartney em São Paulo, no estádio do Palmeiras e final de um feriado prolongado onde milhões (literalmente), de pessoas haviam deixado São Paulo e as cidades vizinhas da região metropolitana, rumo a destinos turísticos, principalmente o litoral do estado.

Em termos de adversidades e para quem trabalha com produção musical, sabe muito bem que tais fatores pesam forte na concepção de quem lida com tal logística. Por outro lado, se a perspectiva em não haver um grande público era concreta, por outro, nada disso abalava a nossa vontade em apresentarmo-nos novamente no simpático, Gambalaia, onde o espetáculo é sempre carregado de uma aura de verdade, muito grande, o que faz lembrar-me do saudoso Teatro Lira Paulistana, pelo fato da proximidade do público com o artista a gerar tal atmosfera intimista. 

Nessa noite, teríamos a agradável companhia do amigo, Duck Strada, um artista Folk/solo, que convidamos para que ele fizesse o seu show na abertura e certamente que além da companhia agradável, Duck haveria de reforçar e muito o quilate do espetáculo, com as suas composições próprias, muito inspiradas, tais como "Via Leste", canção da qual sou fã e sobre a qual já comentei anteriormente.  

Marcelo Dias e eu (Luiz Domingues, que por conta do foco de luz verde que incindira-se sobre a minha pessoa, pareço-me com o Dr. Bruce Banner em plena exposição aos "Raios Gama"... só esperava não rasgar a minha camiseta dos Kurandeiros quando transformar-me-ia a qualquer instante, no Incrível Hulk...). Click (selfie), acervo & cortesia de Marcelo Dias

Tive uma surpresa agradável antes mesmo do soundcheck iniciar-se, quando vejo a entrar no recinto do auditório do espaço, a figura sensacional de Marcelo Dias, meu ex-aluno e ex-baixista de bandas como "Aura" e "Via Lumini". Cito-o em dois capítulos de minha autobiografia, "Sala de Aulas" e "Trabalhos Avulsos", e neste último, ao falar sobre minha participação como produtor de uma primeira fita demo do "Aura", banda de Rock Progressivo de imenso potencial, da qual ele fez parte. Foi um reencontro muito prazeroso, onde pudemos relembrar tais passagens ocorridas entre os idos de 1987 a 1990, mais ou menos e assim colocar a conversa em dia. 

O Grande Duck Strada, em ação! Clicks de Lara Pap (foto 1) e Regina de Fátima Galassi (foto 2)

Começou o show do Duck Strada e assisti com grande prazer sua performance muito rica, a mesclar suas ótimas canções a clássicos daquela MPB setentista super hippie e antenada, saborosa e forte, certamente. Fiquei ali a assistir e pensar como falta-nos isso nos dias atuais e a recordar-me com nostalgia dos tantos shows acústicos nesses moldes que eu assisti nos anos setenta, por ter visto artistas sensacionais dessa estirpe, em tal década.

Bem, há esperança, por saber que Duck Strada e artistas como Chico Suman e Rodrigo Hid entre outros, estão a resgatar essa tradição perdida do artista solo a apresentar-se na base da voz e violão, mezzo "Folk singer"/"composer" internacional, de antigamente. 

Os Kurandeiros no Espaço Cultural Gambalaia, de Santo André-SP, no dia 15 de outubro de 2017. Clicks, acervo e cortesia de Regina de Fátima Galassi 

Após uma apresentação ótima, Os Kurandeiros assumiram o palco e ali fizemos um show muito agradável, leve, divertido... é bem verdade que não havia muito público presente, mas quem compareceu, saiu com tal boa impressão de nossa performance e entre esses poucos, mas bons, a presença do Samuel Wagner, roadie fiel de duas bandas por onde atuei, Patrulha do Espaço e Pedra.

Eis um compacto do show d'Os Kurandeiros, no Espaço Cultural Gambalaia de Santo André-SP, em 15 de outubro de 2017, com direito a um trecho do artista folk, Duck Strada, incluso. Filmagens de Lara Pap e Regina de Fátima Galassi

Eis o Link para assistir no YouTube:
https://www.youtube.com/watch?v=uGTNoQtFmIo
 
"A Bruxa" (Mixto Quente), no Espaço Cultural Gambalaia de Santo André-SP, em 15 de outubro de 2017.

Eis o Link para assistir no YouTube:  
https://www.youtube.com/watch?v=AkA7VeracBk
 
"A Bruxa" (Câmera 2) (Trecho) (Mixto Quente), no Espaço Cultural Gambalaia de Santo André-SP, em 15 de outubro de 2017


Eis o Link para assistir no YouTube:  
https://www.youtube.com/watch?v=VMuDDK9P1Jw
 

"Eu Acredito no Amor" (Nasi / Kim Kehl), no Espaço Cultural Gambalaia de Santo André-SP, em 15 de outubro de 2017
 

Eis o Link para assistir no YouTube: https://www.youtube.com/watch?v=qMjd1TC3T0M
 

"Faz Frio" (Kim Kehl), no Espaço Cultural Gambalaia de Santo André-SP, em 15 de outubro de 2017.

Eis o Link para assistir no YouTube:
https://www.youtube.com/watch?v=PS9rT3vQkrM
 

"Beber Até Cair" (Kim Kehl), no Espaço Cultural Cultural Gambalaia de Santo André-SP, em 15 de outubro de 2017
 

Eis o Link para assistir no YouTube: https://www.youtube.com/watch?v=JKbghVrroYg
 

"Os Kurandeiros" (Kim Kehl) (trecho), no Espaço Cultural Gambalaia de Santo André-SP, em 15 de outubro de 2017.

Eis o Link para assistir no YouTube:  
https://www.youtube.com/watch?v=QNg4MumOTxc
 

"Loteria da Babilônia" + "A Cultura do Avesso" (Raul Seixas) (Trecho), com Duck Strada, no Espaço Cultural Gambalaia de Santo André-SP, em 15 de outubro de 2017.

Eis o Link para assistir no YouTube:   
https://www.youtube.com/watch?v=P6oGM_Q2o6g

Os Kurandeiros no estúdio da TV BBC em São Paulo, a gravar participação no programa: "Toca Mais Uma", na manhã de 18 de outubro de 2017. O programa foi ao ar no dia seguinte, dia 19. Na primeira foto, a banda em ação vista pela sala da técnica. Na segunda, momento de confraternização final com os apresentadores e os amigos da banda, "Os Infames", que também participaram da mesma edição. Da esquerda para a direita, em pé: Carlinhos Machado, Kim Kehl, eu (Luiz Domingues), Victor Hugo Daguano (Os Infames) e Dan Borges (Os Infames) e Fernando Ceah (Vento Motivo e apresentador do programa). Agachado: Binho "Batera" (Vento Motivo e apresentador do programa). Foto 1, click de Fernando Ceah. Foto 2, click de Vanessa Anchieta

Três dias depois, fomos participar de um programa de internet, protagonizado por grandes amigos nossos. Denominado "Toca Mais Uma", e locado na BCC TV, tratou-se de uma realização perpetrada por Fernando Ceah e Binho "Batera", nossos amigos de longa data e membros da banda, "Vento Motivo", além de também contar com a bela e inteligentíssima, Vanessa Anchieta. A gravação ocorreu em uma quarta-feira pela manhã (18 de outubro de 2017), no pequeno, mas bastante funcional estúdio dessa TV, localizado no bairro da Lapa, na zona oeste de São Paulo. Tocamos duas canções, "A Noite Inteira" e "Miséria & Solidão", além de participarmos de uma entrevista. 

Nesse mesmo programa, uma dupla a representar a banda, "Os Infames", também gravou a sua participação e um bloco foi proposto com um divertido "jogo", através de representantes das duas bandas a participar, e foi bem lúdico, com a proposta de lembrar-se de músicas mediante a divulgação por parte da produção, de um tema. Uma nota engraçada, a participação da versátil, Vanessa Anchieta, foi com um bloco sob intervenções externas ao entrevistar pessoas comuns nas ruas da cidade de São Paulo, mas ela também participava com uma inusitada atuação performática no estúdio. Ao usar um traje camuflado, especialmente concebido para ser da mesma cor do Chroma Key do estúdio (verde limão), ela interagia ao ficar só com os olhos de fora da camuflagem e vez por outra com as mãos, ao dispensar as luvas. Dessa forma, ficava bastante inusitado ter as suas mãos e olhos a passear pelo quadro (inclusive com a deliberada intenção para assombrar os entrevistadores, ao estilo de um autêntico "fantasma" perturbador), como uma verdadeira aparição insólita, para dizer o mínimo... cheguei a comentar com o amigos que aquilo remetia-me ao "The Twilight Zone", antigo seriado da TV norte-americana, ao assistir pelo monitor e ao mesmo tempo, por vê-la in loco com aquela exótica vestimenta, portanto, foi extremamente divertido acompanhar a sua performance.

Fotos ao estilo, "ópticas", feitas diretamente do monitor de um PC, a capturar a performance e interação da banda, no programa citado. Na primeira foto, a banda a executar "A Noite Inteira" no estúdio da TV BCC. Na segunda foto, da esquerda para a direita: Binho "Batera", eu (Luiz Domingues), Dan Borges (da banda "Os Infames"), Victor Hugo Daguano (também da banda, "Os Infames"), Kim Kehl, Carlinhos Machado e Fernando Ceah. Foto 3: Victor Hugo Daguano, Kim Kehl, Carlinhos Machado e Fernando Ceah. Os Kurandeiros no programa "Toca Mais Uma" da BCC TV, em 19 de outubro de 2017 (quando foi ao ar). Clicks, acervo e cortesia de Regina de Fátima Galassi 

Eis o programa "Toca Mais Uma", da BCC TV, na íntegra:

O link para assistir no YouTube:  
https://www.youtube.com/watch?v=abs_SJt0uDo&t=4s

Carlinhos Machado à esquerda (e no fundo), à bateria e eu (Luiz Domingues) sob o foco de luz. Os Kurandeiros no Espaço Cultural Gambalaia, de Santo André-SP, em 15 de outubro de 2017. Click, acervo e cortesia de Regina de Fátima Galassi

No dia seguinte à filmagem do programa "Toca Mais Uma", na BCC TV, no qual participamos, recebemos um presente muito honroso da parte de um músico amigo nosso, chamado, Rômulo Pedroso Pereira, que também é um artista plástico de mão cheia. Acostumado com técnicas tradicionais no uso de tintas e pincéis, estava nesse instante empolgado em usar técnicas digitais modernas (Arte Digital/Infogravuras), e nessa prerrogativa, mostrou-me alguns trabalhos que havia feito, inclusive ao presentear-me com duas obras executadas com a minha pessoa em destaque, extraídas de fotos minhas que buscou na Internet.

Gostei muito, agradeci e pedi-lhe para fazer alguns trabalhos nesses mesmos moldes, para Os Kurandeiros. De pronto, ele aceitou a missão e questão de algumas horas depois, mandou-me em meu "inbox", da rede social Facebook, tais obras, tendo Os Kurandeiros como mote principal. 

Eis acima as obras que o artista plástico e músico, Rômulo Pedroso Pereira criou e ofertou-nos, tendo sido tal material, usado doravante como cartazes promocionais da banda. 19 de outubro de 2017

E seguindo o bom curso que a semana estava a apresentar aos Kurandeiros, tivemos mais uma boa notícia, no dia 21 de outubro, quando o agitador cultural, Eduardo de Souza Bonadia, publicou uma resenha do nosso EP, "Seja Feliz", em sua revista cultural eletrônica, "Strike". Eis abaixo o link para acessar a resenha diretamente na revista on line:

http://strikemet.wixsite.com/strikemag/single-post/2017/10/21/KIM-KEHL-E-OS-KURANDEIROS---Seja-Felix 

E abaixo, a transcrição do que ele comentou sobre o nosso álbum :

KIM KEHL E OS KURANDEIROS - Seja Feliz

October 21, 2017

(Ind nac)

Banda fundada pelo guitarrista/vocalista Kim Kehl, segundo o release um dos guitarristas de blues e rock mais requisitados de Sampa nos anos 80 e 90 com mais de quarenta anos de estrada e de história.

Nos anos 90 lançou duas fitas demo e depois de três álbuns com muitos convidados ilustres  e os Kurandeiros, lançou em 2016 este ep de apenas três composições  autorais que nos deixa com um gosto imenso de quero mais pois além de uma produção esmerada e arranjos muito bem cuidados, temos ótimos momentos de uma mescla de rock n roll, blues rock, rhythm and blues  e aquele sentimento sessentista/setentista transpirando em cada segundo das músicas sem soar oportunista ou mofado; não se trata de um músico ou banda novas querendo seguir uma tendência bem em voga no exterior e via nomes como Kadavar, Graveyard, Blue Pills, e muitos outros, mas músicos de muita qualidade que viveram aqueles tempos e com graça, desenvoltura e muita competência e talento detonam com um mar de méritos e adjetivos no rock n roll com feeling exacerbado de “A Noite Inteira” a mais calma e “aconchegante” “Faz Frio” e a blueseira “O filho do Vodu”   que além do próprio Kim traz Carlinhos Machado(bateria) Nelson Ferraresso (teclados) e por muitos e muitos anos meu baixista preferido em termos musicais e de postura, o grande e estupendo Luiz Domingues(ex A Chave Do Sol, Patrulha do Espaço, Pitbulls on Crack, Língua de Trapo-“a ficha” do hómi” é extensa) além das participações perfeitas e na medida certa de Tata Martinelli nos vocais (lembranças dos anos 60/70 foram imediatas) e o percussionista Pepito.

Um soberbo, belíssimo trabalho de rock puro e espero que um álbum cheio não demore tanto. Excelente sonzeira, e, seja feliz, ouvindo muito rock n roll de quilate como este! 

 https://www.facebook.com/kurandeiros

(Eduardo de Souza Bonadia)   

 

O resenhista, Blogueiro e agitador cultural muito ativo e experiente, Eduardo de Souza Bonadia, com o EP "Seja Feliz" d'Os Kurandeiros, em mãos. Outubro de 2017. Click: autor desconhecido. Acervo e cortesia: Eduardo de Souza Bonadia  

Devo realçar que gostei muito da resenha assinada pelo Bonadia, que mesmo sendo um entusiasta da estética do Heavy Metal (acima de tudo, historicamente inclusive, visto que ele foi um dos fundadores da revista, "Rock Brigade", no início dos anos oitenta e ao levar-se em conta que essa publicação foi desde sempre um pilar promocional de tal vertente do Rock pesado, tradicionalmente), é sabido que também tem uma cultura avantajada sobre o Rock em geral e portanto, a sua enorme experiência como agente cultural é pública e notória. Dessa maneira, apreciei muito a sua visão expressa com bastante honestidade jornalística, ao enxergar com isenção o trabalho. E indo além, Bonadia gostou bastante do trabalho, ao expressar em sua visualização da nossa obra, méritos. E o elogio que fez à minha pessoa em específico, foi comovente, devo dizer. 

No dia seguinte, 22 de outubro de 2017, lançamos uma versão de "A Noite Inteira", extraída de nossa participação ao vivo, no programa "Toca Mais Uma", da BCC TV. Pelas condições precárias de áudio que enfrentamos no pequeno estúdio dessa emissora, o áudio desse vídeo é até surpreendente.

"A Noite Inteira" ao Vivo no programa "Toca Mais Uma", da BCC TV. 

Eis o Link para assistir no YouTube:

https://www.youtube.com/watch?v=QWrosGIeQPY 

O nosso próximo compromisso ocorreria ao final do mês de outubro e tratar-se-ia de ser um show de despedida, um verdadeiro "Farewell Concert", não para a nossa banda, mas para um espaço onde muitas vezes tocamos, tendo a certeza que havia se impregnado pelas suas paredes e sobretudo no seu palco, muito da essência de nossa banda. Aliás, foi ali que estreei com Os Kurandeiros no então já distante agosto de 2011... pois é... uma hora triste que prenunciou-se, foi o momento de dizer adeus ao Magnólia Villa Bar...

Então chegou o dia de dizer adeus a um espaço que representou muito na história d’Os Kurandeiros. Mais que isso, o Magnólia Villa Bar, foi seguramente o palco onde a banda mais apresentou-se, ao menos nesse período em que me tornei seu componente, desde agosto de 2011, e de forma emblemática, foi ali mesmo a minha estreia na ocasião citada. 

Uma grande pena, mas o proprietário, Alexandre Rioli, driblou as dificuldades o quanto pode, contudo não conseguiu acelerar a decretação da impossibilidade da casa prosseguir em sua normalidade e assim, com pesar, mas ao mesmo tempo honrados, recebemos o convite para fazermos o show de encerramento das atividades e convenhamos, nada mais justo e significativo, visto que entre tantos artistas que ali apresentaram-se ao longo de doze anos de atividades (e acrescento o dado adicional de ter tido um leque enorme de vertentes e não circunscrito ao espectro do Rock e do Blues, apenas, mas com variadíssimas manifestações musicais), que fôssemos nós, Os Kurandeiros a fechar a noite.

Indo além, a nossa parceria era tão forte ali dentro que é sabido, pública e notoriamente que ali tivemos uma dupla atividade, ao assumirmos a identidade como "Magnólia Blues Band" e para tanto, o trio base d’Os Kurandeiros, acrescido do próprio dono da casa (e tecladista), Alexandre Rioli, passou por mais de cem apresentações naquele palco, ao receber artistas convidados da cena do Blues, inicialmente, mas aos poucos o leque alastrou-se e muita gente do Rock, também compareceu. Isso sem contar um período em que a Magnólia Blues Band tornou-se um quinteto com a presença do vocalista carioca, Bruno Mello em nossa formação. 

Então, convocados para tocar nessa noite de despedida, a ideia seria fazer um show d’Os Kurandeiros, com set list autoral em 100%, e uma breve inserção da Magnólia Blues Band, a marcar a sua presença, igualmente. No entanto, estava agendada uma terceira atração, no caso uma banda cover denominada, "Old Boys Band", com repertório igualmente baseado no Blues-Rock e com pitadas de Pop, e que estava acertada previamente como atração sazonal, mas com a decisão do Alexandre em fechar o estabelecimento, ele decidiu manter a data dos rapazes normalmente e claro, sem problemas para nós, inclusive, por tratar-se de uma noite efusiva, embora o mote da reunião fosse triste, em tese. Então foi assim, na noite de 27 de outubro de 2017, o Old Boys Band subiu ao palco e fez seu set, inclusive a tocar várias músicas internacionais habituais do repertório cover d’Os Kurandeiros e da Magnólia Blues Band, sob uma boa apresentação, ao arrancar aplausos da plateia. 

Os Kurandeiros a receber o amigo, Cesar Gavin, figura simpaticíssima. Magnólia Villa Bar de São Paulo, em 27 de outubro de 2017. Acervo e cortesia de Cesar Gavin. Click de Adriana, sua namorada

E por falar em plateia, foi com alegria que recebemos a visita do Cesar Gavin, amigo de longa data da banda. Gavin é baixista e teve no início dos anos noventa, banda com o nosso baterista, Carlinhos Machado. Desde muito tempo, Gavin tornou-se um dos maiores empreendedores culturais do Brasil, ao manter um site, além de um Blog e um canal de YouTube, tudo isso para trabalhar fortemente pelo Rock brasileiro.

Gavin acompanha shows constantemente, escreve resenhas sobre os espetáculos que acompanha, anuncia lançamentos e mantém um talk-show sensacional, no qual entrevista músicos ligados ao Rock Brasileiro de todos os tempos, e nessa altura, o acervo é tão impressionante que se tornou, ao meu ver, um museu vivo com depoimentos ricos, por alinhavar histórias e reminiscências trazidas pelos seus convidados. Eu mesmo já havia gravado a minha entrevista e que rendeu dois programas. A gravação ocorreu em agosto de 2017, mas até este momento de outubro, Gavin não havia me fornecido uma data definida para o seu lançamento. Tudo bem, sei que ele filma muitos artistas e a fila tornou-se grande. Mais para a frente, mencionarei esse fato com um amplo registro do acontecimento e certamente no acréscimo do link para o leitor assistir no YouTube.

Os Kurandeiros em ação! Magnólia Villa Bar, 27 de outubro de 2017. Clicks, acervo e cortesia de Cesar Gavin

Então chegou a hora, e Os Kurandeiros subiram ao palco do Magnólia Villa Bar, sendo a derradeira apresentação no famoso palco dessa simpática casa. Fizemos um set autoral e bastante animado, com a plateia a responder com entusiasmo. Não percebi tristeza no ar, apesar dos pesares e sinceramente, achei que o show seria um tanto quanto tristonho pelos fatos já mencionados, mas pelo contrário, o clima ali, de forma generalizada, foi sobretudo pautado pelo agradecimento da parte de todos. Foi um show marcado por tal sentimento, devo salientar, e ao menos na minha percepção isso foi bastante marcante ali, não só durante o nosso show, mas durante a noite inteira de uma forma geral. 

Os Kurandeiros com a inclusão do tecladista, Alexandre Rioli, a transformar-se automaticamente na "Magnólia Blues Band". Noite de 27 de outubro de 2017. Acervo e cortesia: Kim Kehl. Click: Lara Pap

Ao final, sim, houve uma inserção da Magnólia Blues Band e foi ótimo tocar alguns clássicos do Blues e do Blues-Rock, além de duas músicas que eram praticamente obrigatórias pelas circunstâncias, em minha percepção: "Magnolia" e "I Got my Mojo, Working". E claro que foi emocionante tocar tais canções que muito representaram para Os Kurandeiros e também para a Magnólia Blues Band.

Confraternização final a coincidir com a última noitada da casa de espetáculos, Magnólia Villa Bar, em 27 de outubro de 2017. Da esquerda para a direita: Caio Gouveia (vocalista da banda "Old Boys Band"), Kim Kehl, Carlinhos Machado, Patrícia Araújo (essa moça foi a responsável por indicar Os Kurandeiros à casa, em 2009, e assim dar início para tal parceria tão prolífica), Alexandre Rioli (tecladista e proprietário da casa), eu (Luiz Domingues), o baterista do "Old Boys Band" (foge-me o seu nome) e o tecladista do "Old Boys Band", Eduardo Castro. Click de Lara Pap

Abaixo, alguns vídeos dessa apresentação: 

"Pro Raul", no show de encerramento das atividades da casa de espetáculos, "Magnólia Villa Bar, de São Paulo. 27 de outubro de 2017.

Eis o Link para assistir no YouTube: 
https://www.youtube.com/watch?v=N-5gaB7UYlY&t=65s


"Anjo", no show de encerramento da casa de espetáculos, "Magnólia Villa Bar", de São Paulo, em 27 de outubro de 2017. 

Eis o Link para assistir no YouTube:
https://www.youtube.com/watch?v=Xm7TBmRpl64

Finito para a famosa casa da Lapa, na zona oeste de São Paulo, mas a vida seguia para Os Kurandeiros e dois dias depois estávamos escalados para voltar, curiosamente, ao mesmo bairro de São Paulo, mas desta feita para tocar em um evento ao ar livre, a tratar-se da 8ª Feira de Artes & Cultura da Lapa. Realizada pelo Centro Cultural Pompeia, o bairro vizinho, a Feira da Lapa é bem menor que a tradicional Feira da Vila Pompeia e isto é um paradoxo, ao considerar-se que o bairro da Lapa é muitíssimo maior em extensão territorial e densidade populacional, mas salvo alguma explicação lógica sobre tal fenômeno e da qual desconheço, o fato é que dessa forma acontece anualmente, mais modestamente. 

Mas mesmo assim, ao fechar apenas um quarteirão de um bairro imenso, a festa apresenta atrações boas para os moradores e atrai gente de bairros vizinhos e até longínquos, mesmo porque os artistas que ali apresentam-se, acabam por atrair os seus fãs, e isso encorpa bem o contingente. 

E havia ainda um componente pessoal, no meu caso,  pois naquele quarteirão da Rua Faustolo, entre as ruas transversais, Sabaúna e Tibério, eu tinha as minhas lembranças pessoais, visto que morei na rua paralela (Rua Clélia), exatamente na mesma altura, nos idos de 1966 e 1967, portanto, que prazeroso ter um evento ali nas imediações bem próximas de onde morei, há cinquenta anos atrás e com o palco virado para o muro da escola estadual onde quase estudei no ano de 1967 e só não iniciei os meus estudos primários ali, por conta de uma burocracia de ocasião, que a secretaria de educação estadual criou e por força do destino, com a minha família a mudar-se para um bairro da zona sul, ao final desse ano de 1967, eu só fui começar a estudar em 1968, em outra escola, desse outro bairro. Mas foi divertido tocar ali, por tudo o que eu mencionei acima.

O dia amanheceu nublado e a previsão meteorológica foi bem pessimista pelos dados fornecidos por parte dos meios tradicionais da mídia e na internet, mas na realidade, a ameaça de uma chuva torrencial não confirmou-se. 

Ficou apenas manifestada em poucos pingos d'água e que nem chegou a abalar a animação das pessoas e predisposição dos organizadores. Ótimo, quando Os Kurandeiros subiram ao palco, o tempo mostrou-se firme e a empolgação muito boa. 

Antes, assistimos várias bandas que nos precederam, com boa performance. Gostei do trabalho dessa rapaziada, embora a maioria tivesse tocado covers em excesso, o que sob um festival ao ar livre é um pouco decepcionante, visto que ali seria um espaço ideal para a música autoral. 

Espero que os organizadores pensem nisso com carinho em futuras edições, não digo para proibir, mas ao abrir mais espaço para quem cria e digo isso também para essas bandas que tocam covers predominantemente, pois sendo boas bandas, gostaria de revê-las a mostrar os seus trabalhos próprios, em outra oportunidade. 

Os Kurandeiros a tocar em cima de um caminhão de trio elétrico, em plena Rua Faustolo, na Lapa, bairro da zona oeste de São Paulo, durante a 8ª Feira de Artes & Cultura da Lapa, em 29 de outubro de 2017... Click, acervo e cortesia de Rogério Utrila

O palco em questão foi montado em cima de um caminhão de trio elétrico e quando subimos a fim de prepararmos o nosso set, notamos que balançava muito. Todavia, essa percepção não era clara quando vimos as outras bandas a atuar, ali da plateia. Bem, a despeito desse incômodo, fizemos um show de choque bastante animado. Confesso, foi estranho ter que tomar um cuidado extra no tocante ao equilíbrio e realmente o balanço causava um desconforto ao ponto de sugerir a vertigem. O Kim disse-me que tocou estático e preocupado com isso. Para o Carlinhos foi ainda pior, visto que tocar bateria sob tais circunstâncias é realmente um sacrifício, com as peças do instrumento a sair de suas posições básicas e fora a sensação de labirintite e não estou a exagerar. A minha impressão foi a de ter tocado em pé, sob uma canoa em alto mar...

 

Fotos dos bastidores do show que realizamos na 8ª Feira de Artes & Cultura da Lapa, no dia 29 de outubro de 2017. Esquina das Ruas Faustolo e Tibério, no bairro homônimo da zona oeste de São Paulo. Foto 1: Fora do enquadramento à esquerda, eu (Luiz Domingues), com Carlinhos Machado, Lara Pap, Paula Simone Iannone (amiga) e Kim Kehl e fora do quadro à direita, Duck Strada. Foto 2: o casal Kurandeiro em destaque, Kim Kehl & Lara Pap, com Duck Strada e Carlinhos Machado ao fundo no lado esquerdo e eu (Luiz Domingues) por detalhe no canto direito. Foto 3: Kim Kehl em destaque, com Lara Pap por detalhes e de costas. Foto 4: da esquerda para a direita, Duck Strada,um casal desconhecido, Áureo Alessandri (guitarrista dos Blues Riders e escritor), João Pirovic (músico e fotógrafo), eu (Luiz Domingues), Carlinhos Machado, Kim Kehl, Carlos Dutra (fotógrafo), Geraldo "Gegê" Guimarães (guitarrista do "Pompeia 72" e coorganizador do evento), e na frente, o radialista/agitador cultural e coorganizador do evento, Rogério Utrila. Fotos 1, 2 & 3: Acervo e cortesia de Paula Simone Iannone. Foto 4: Lara Pap.

Os Kurandeiros a tocar em cima de um caminhão de trio elétrico, em plena Rua Faustolo, na Lapa, bairro da zona oeste de São Paulo, durante a 8ª Feira de Artes & Cultura da Lapa, em 29 de outubro de 2017... Click, acervo e cortesia de Paula Simone Iannone

Todavia, falta de estabilidade física a parte, foi um show divertido e pela boa quantidade de amigos queridos que ali compareceram e tornaram o bastidor, muito agradável.

"Anjo" (Kim Kehl), na 8ª Feira de Artes & Cultura da Lapa, em São Paulo, no dia 29 de outubro de 2017.

Eis o Link para assistir no YouTube:
https://www.youtube.com/watch?v=q4j45Hjxp8w

"Oh Rita" (Kim Kehl), na 8ª Feira de Arte & Cultura da Lapa, em São Paulo, no dia 29 de outubro de 2017.

Eis o Link para assistir no YouTube: 
https://www.youtube.com/watch?v=DaumUKhiIUo

A nossa próxima missão dar-se-ia poucos dias depois e na verdade, inaugurava uma breve temporada que prometia ser animada!

Novembro iniciou-se com boas perspectivas para Os Kurandeiros. Sob convite formulado da parte de Cleber Lessa, coproprietário do Santa Sede Rock Bar, uma mini temporada foi marcada, com a nossa banda a fazer cinco apresentações, para ocupar todas as cinco quintas desse mês. Temporada é sempre uma oportunidade boa para arregimentar um público crescente, mesmo ao tratar-se de datas não consecutivas, mas semanais. Dessa forma, fomos animados para a primeira edição, no feriado de finados, 2 de novembro de 2017.

A banda em ação no Santa Sede Rock Bar de São Paulo, em 2 de novembro de 2017. Clicks, acervo e cortesia de Cleber Lessa

E houve também uma novidade estrutural dentro da casa, quando foi sugerido-nos adotar um novo posicionamento, a tocar em outro canto da casa, e assim a perder um pouco de espaço lateral no sentido da largura, mas a ganhar em outros aspectos, como por exemplo, na maior amplitude para o público desde o portão de entrada da casa. 
Mais momentos d'Os Kurandeiros ao vivo na estreia da mini temporada no Santa Sede Rock Bar. 2 de novembro de 2017. Clicks, acervo e cortesia de Regina de Fátima Galassi

"A Noite Inteira", no Santa Sede Rock Bar de São Paulo, em 2 de novembro de 2017.  

Eis o Link para assistir no YouTube:
https://www.youtube.com/watch?v=EIUQiomUG8c 

"Gimme Shelter" (The Rolling Stones), no Santa Sede Rock Bar de São Paulo, em 2 de novembro de 2017.  

Eis o Link para assistir no YouTube:
https://www.youtube.com/watch?v=HJ5CEbkIhxM

"O Filho do Vodu" (trecho) (Kim Kehl), no Santa Sede Rock Bar de São Paulo, em 2 de novembro de 2017

Eis o Link para assistir no YouTube:
https://www.youtube.com/watch?v=ElHcXySJlWQ&t=82s

"I'm Going Down" (Leon Russell), no Santa Sede Rock Bar de São Paulo, em 2 de novembro de 2017.  

Eis o Link para assistir no YouTube:
https://www.youtube.com/watch?v=3AhYi4fGLrU

Uma semana depois, voltamos à mesma casa, para dar prosseguimento ao projeto da mini temporada da quinta-feira. Renovamos o repertório, com exceção de algumas canções oriundas dos dois CD's recentemente lançados, o EP "Seja Feliz" e o CD "O Baú dos Kurandeiros". Desta feita, portanto, tocamos muitos blues e temas instrumentais que não tocávamos há bastante tempo, ao revitalizar a nossa memória e diversificamo-nos, para que o público presente ouvisse novidades e não o mesmo show da semana anterior. Fazia-se mister tal dinâmica e por trunfo próprio, a banda tinha essa facilidade em ter um repertório gigantesco em mãos, mesmo que algumas dessas canções tivessem adquirido uma certa ferrugem, por ter ficado um tanto quanto obscurecidas e fatalmente sujeitas a cair no ostracismo.

Os Kurandeiros em ação no Santa Sede Rock Bar de São Paulo, em 9 de novembro de 2017. Clicks: Lara Pap (foto 1), Cesar Gavin (foto 2), Regina de Fátima Galassi (fotos 3 e 4)

Cesar Gavin, nosso amigo e grande agitador cultural, esteve presente e sempre foi um prazer desfrutar de sua companhia e conversa super estimulante sobre o Rock brasileiro, cujo tema ele conhece como poucos. Foi assim, então na noite de 9 de novembro de 2017. 
Dois dias depois e voltaríamos para um espaço simpático, que havíamos visitado pela primeira vez, no mês de setembro. Um retorno, portanto, ao democrático e acolhedor palco do "Espaço Cultural Rock na Padoka", na zona leste de São Paulo, fora marcado para o dia 11 de novembro de 2017.
O palco montado para o show dos Kurandeiros no Espaço Cultural Rock na Padoka, em 11 de novembro de 2017. Acervo e cortesia: Kim Kehl. Clicks de Lara Pap
 
E assim, sob um dia atípico para novembro, pois fez um frio de outono em plena primavera tropical, chegamos ao acolhedor Espaço Cultural Rock na Padoka, localizado no Jardim Brasília, bairro da gigantesca zona leste da capital paulista. Sob clima hospitaleiro e ainda mais estreitado pois foi a segunda passagem nossa por tal estabelecimento, e assim fomos muito bem recebidos pelo seu mandatário e equipe. 
Flagrantes do Show dos Kurandeiros no Espaço Cultural Rock na Padoka, de São Paulo, em 11 de novembro de 2017. Acervo e cortesia: Kim Kehl. Clicks de Lara Pap
 
O show foi excelente, com uma resposta quente por parte do público presente, em contraste com o vento frio que fez naquela noite. Tocamos alguns clássicos internacionais do Rock e do Blues, mas predominou o repertório autoral, com uma até surpreendente reação calorosa ao extremo, quando executamos a música, "Oh Rita", que transformou a casa em uma pista de dança, praticamente.

O "strap lock" da correia falhou e criou um problema para o Kim e consequentemente para a banda. Os Kurandeiros no Espaço Cultural Rock na Padoka, de São Paulo, em 11 de novembro de 2017. Click, acervo e cortesia de Marinho MTB
 
O único senão deu-se com um pequeno acidente gerado pela falha do "strap lock" da correia do Kim, ao fazer com que a sua Gibson Les Paul tocasse o solo. Entretanto, por uma intercessão dos Deuses do Rock, tal queda não gerou um grande estrago, com avarias moderadas, que ao tratar-se desse modelo de guitarra, isso foi quase um milagre, pela sua característica em ser delicada, mesmo que em contraponto, seja considerada uma guitarra maciça e bem pesada sob linhas gerais. 

Fora disso, que é coisa que acontece, mas chateia não só o músico que sofre o acidente, mas a banda toda, houve pedido de bis ao final, com bastante animação e saímos dali com a sensação do dever mais do que cumprido, porém com dividendos artísticos sob nossa posse.

Kim Kehl a posar com um Cadillac 1954, de muito respeito, estacionado na porta do estabelecimento e abaixo, a banda no pós show sob pose para registrar a noitada excelente que fizemos em um surpreendente frio, em plena primavera, na zona leste de São Paulo. 11 de novembro de 2017, no Espaço Cultural Rock na Padoka, show dos Kurandeiros. Acervo e cortesia: Kim Kehl. Clicks de Lara Pap
 
Ao final do espetáculo, já ao confraternizarmo-nos com fãs e amigos da banda, eis que surge um rapaz a dirigir um portentoso "Cadillac", do ano de 1954, absolutamente impecável. Entusiasmado com a situação, o próprio dono dessa barca maravilhosa sugeriu e o Kim não resistiu a um "click" ao lado de tal bólido, vindo direto dos anos dourados e a tinir... mais Rock'n' Roll cinquentista dos primórdios do que isso, impossível...

Missão cumprida na Zona Leste de São Paulo, o nosso próximo compromisso seria também em outro extremo da cidade, mas desta feita na zona sul, no sentido do autódromo de Interlagos...

Se no sábado anterior havíamos visitado os confins da zona leste da megalópole paulistana, desta feita a zona sul em sua extremidade aguardava-nos. Marcado para o feriado de 15 de novembro, em plena quarta-feira, eis que fui o primeiro a chegar e verificar alguns aspectos interessantes. 

Primeiro, apesar de tratar-se de um bairro simples de periferia, a Vila Arriete, um bairro próximo ao autódromo de Interlagos, mostrou-se bem estruturado, principalmente ao levar-se em conta que a casa localizava-se na Avenida Nossa Senhora do Sabará, ou seja, uma importante via da região, com forte comércio. 

E o segundo ponto, foi a hospitalidade com a qual fui recebido, bem ao estilo da nossa experiência na zona leste, quando do show anterior, onde a simpatia da parte dos mandatários da casa, era / é sempre um padrão infalível.

Na primeira foto, o palco ao ser montado e na segunda, a banda flagrada poucos segundos antes de iniciar a apresentação. Os Kurandeiros na Hamburgueria Rock Beer de São Paulo, em 15 de novembro de 2017. Clicks: Luiz Domingues (foto 1) e Lara Pap (foto 2)
  
E o terceiro ponto, interessante, a "Hamburgueria Rock Beer" mostrou-se um espaço muito interessante em sua decoração, embora ao fazer uso de um espaço físico diminuto, em tese. Sendo uma lanchonete com pequeno porte, a solução que seus dirigentes acharam para poder ter um espaço para os artistas apresentar-se, foi alugar o galpão vizinho e assim, tal espaço tornou-se um mini palco voltado para a calçada, mas a manter toda a preocupação em decorar como se fosse uma coxia de teatro, ao anexar cortinas, incluso, portanto, a garantir um élan para os artistas poder atuar com dignidade.
Da esquerda para a direita: Kim Kehl, com Carlinhos Machado ao fundo e eu (Luiz Domingues) no canto direito. Os Kurandeiros na Hamburgueria Rock & Beer de São Paulo, em 15 de novembro de 2017. Click, acervo e cortesia de Renata Ferraz
 
Todavia inevitável, por ser um show com a calçada como elemento muito próximo de nós, apesar de haver muitas mesinhas ocupadas por pessoas interessadas na nossa apresentação, forçosamente também revelou-se uma oportunidade bizarra para contatos nada usuais. Como por exemplo a grande incidência de senhoras a passar assustadas pela calçada, com aquele monte de cabeludos e sobretudo pelo som em alto volume. Isso sem esquecer-me da presença de mendigos bem embriagados e inconvenientes, cachorros vira-latas a cata de comida, mais curiosos de plantão, além de contar com o movimento intenso da avenida e mesmo por ser feriado, esta mostrava-se bem frenética, a provocar-me a imaginação sobre o quanto seria maior tal intensidade sob um dia útil, comum.

Da perspectiva de uma mesa próxima, a banda a atuar sob um conceito surreal enquanto teatro montado na rua, praticamente. Os Kurandeiros na Hamburgueria Rock & Beer de São Paulo, em 15 de novembro de 2017. Click, acervo e cortesia de Taty Pacheco
 
A decoração da casa, bem Rocker, mas também no uso e abuso de motivações macabras, a evocar filmes de terror, principalmente os mais modernos e não necessariamente os clássicos da Universal Pictures, Hammer etc. Bem, nada contra, mas essa era a realidade ali, com muitos palhaços macabros e filmes dessa natureza, centrados no terror contemporâneo ao estilo "sadismo & tortura", a ser exibidos no monitor interno da casa. E uma boa nova, também, o som mecânico da casa ligado diretamente na programação da Webradio Stay Rock Brazil, uma emissora onde temos amigos leais e por isso mesmo, gostei em verificar igualmente a postura de lealdade da casa para com essa simpática emissora. Como único senão, a programação, ao menos naquele horário de fim de tarde, privilegiara o Heavy-Metal, portanto um fator a incomodar-me, particularmente (paciência...). 

Começamos a nossa apresentação e a receptividade das pessoas foi excepcional. Havia uma enorme quantidade de mesas sobre a calçada, inteiramente tomadas por clientes do estabelecimento e invariavelmente a prestar atenção e apreciar a nossa performance, o que foi gratificante, não resta dúvida. 

Um único senão nessa apresentação, não foi por culpa nossa, tampouco da casa, mas sim por iniciativa de um inconveniente vizinho. Ao lado da casa, funcionava um salão rústico de dança, dedicado ao dito "forró". Não parecia apropriado para apresentações ao vivo, mas sim a fazer uso de som mecânico, unicamente. 

Ora, incomodado com a atmosfera "Rock" de seu vizinho/concorrente, o proprietário colocou o seu equipamento Hi Fi a todo volume, no afã de competir e chamar a atenção para si. Contudo, tal ato só atrapalhou um pouco o nosso áudio, pois enquanto a Hamburgueria fervilhou com pessoas do início ao fim, tal salão amargou um movimento na marca zero %, o que despertou a minha atenção para uma reflexão interessante, pois denotou um fenômeno às avessas do que se espera em uma circunstância dessa, visto que ali, nesse bairro simples e periférico, o normal seria um salão com tal apelo popularesco, estar lotado e uma casa de Rock, com bem menos contingente, mas na prática revelou-se o contrário. 

No intervalo entre a segunda e a terceira entrada, a programação da Webradio Stay Rock Brazil amenizou um pouco o seu ímpeto Heavy-Metal e foi quando em meio a Rocks mais amenos, ouvi uma versão da Patrulha do Espaço para a canção dos Mutantes, "Ando Meio Desligado" e que não consta de nenhum disco oficial, de minha ex-banda, certamente. Trata-se de um bootleg ao vivo, não sei responder de onde tiraram essa faixa e de qual show seria, mas muito interessante saber que incluíram na programação uma versão ao vivo e rara, protagonizada pela minha formação "Chorophágica". E como soou bem, fiquei até impressionado pelo áudio em sua qualidade. E mais uma curiosidade, não havia percebido do que tratava-se, e só prestei atenção porque fui advertido pelo Carlinhos Machado que exortou-me a prestar atenção no que a emissora estava a executar naquele instante...    

Ao final, um surpreendente assédio com pessoas a nos abordar para pedir autógrafos e muitos a discorrer sobre bandas por onde todos nós, componentes d'Os Kurandeiros havíamos passado em épocas pregressas, o que foi emocionante até, ao mostrar-me, pela enésima vez, que o apelo sobre a nossa banda é mais forte do que imaginamos em nossa própria avaliação, no cotidiano. 

Fomos tratados com extrema gentileza pela dona do estabelecimento, a simpaticíssima, Cleide, que além disso, revelava-se uma promoter toda caracterizada dentro da proposta visual e temática da casa e esta, tinha um atributo a mais: por ser chef versada em alta gastronomia e sommelier, todos os pratos da casa mostravam-se requintados e com impressionante identidade visual, também coadunada com a temática "Halloween", portanto, um atrativo a mais, não restou-me dúvida.

No dia seguinte, fomos para o outro extremo da cidade, zona norte, rumo à terceira apresentação na mini temporada de novembro que estávamos a realizar no Santa Sede Rock Bar. Desta feita, com um público significativamente maior do que a edição anterior, foi bem animada a apresentação e sob um calor muito intenso, a mostrar-nos que o mês de novembro estava enfim a apresentar-se na sua temperatura normal, com a primavera a caminhar celeremente para o verão tórrido e típico da terra tupiniquim. Bem, após mais de três horas de uma apresentação a la "Grateful Dead" (pelo aspecto da larga extensão do espetáculo), sob calor e somado ao cansaço acumulado pela apresentação igualmente longa da noite anterior, não sei sobre a percepção de meus colegas, mas apenas posso afirmar que cheguei extenuado, literalmente, em casa. Não sem antes passar por duas blitz policiais ainda ao sair da zona norte, mas sem problemas, creio que os policiais observaram os meus cabelos grisalhos; o semblante de cansaço e deduziram que eu não precisava ser avaliado em sua abordagem, ao dispensar-me de uma canseira a mais...
Três momentos d'Os Kurandeiros no Santa Sede Rock Bar: Carlinhos Machado no ajuste de sua bateria (foto 1), o palco já quase pronto (foto 2), e a banda já em ação na noite de 16 de novembro de 2017. Foto 1: acervo e cortesia de Carlinhos Machado com click de Cleber Lessa. Foto 2: Click meu (Luiz Domingues) e Foto 3: Click, acervo e cortesia de Cleber Lessa 

Uma boa nova ocorrida nessa semana, recebemos o anúncio de nossa produtora, Lara Pap ao dar-nos conta de que havia esgotado-se a primeira tiragem do EP "Seja Feliz", e que já estava encomendada na fábrica, uma nova edição. Ora, a vivermos sob uma época onde comprar discos já estava completamente fora do esquadro da equação do show business em voga, uma notícia assim soou mais do que alvissareira, ao poder até ser classificada como exótica...
Fez tanto sucesso a obra da artesã, Pat Freire, com suas molduras personalizadas a utilizar "cards" promocionais dos Kurandeiros, que tornou-se uma peça disponibilizada no merchandising da banda. Novembro de 2017
 
E mais uma nova interessante no campo do merchandising da banda: a artista plástica e artesã, Pat Freire, havia feito uma montagem com cards d'Os Kurandeiros e composto assim um quadrinho emoldurado de parede, sob encomenda para a amiga da banda, Regina de Fátima Galassi. Pois essa obra até então exclusiva, agradou tanto que ela produziu mais algumas peças e mediante parceria com a banda, passou a ser um item colecionável a mais para fãs e disponível para venda no site e na loja física presente nos shows.
Próximo compromisso: a quarta edição da mini temporada no Santa Sede Rock Bar, em 23 de novembro de 2017.
Antes, porém, do próximo compromisso ao vivo, uma novidade vinda da parte de terceiros, mas com participação dos Kurandeiros, surgiu. Fomos incluídos em uma coletânea, em meio a outras tantas bandas de Rock (com predomínio de artistas comprometidos com a estética do Heavy-Metal, é bem verdade), do circuito underground de São Paulo. Boa a iniciativa, sob uma ação da produtora cultural "Quem Sabe Faz Autoral", capitaneada por Elizabeth Queiroz, que antigamente era conhecida como Tibet", cantora da pesada e com uma boa ficha de serviços prestados ao Rock Brasileiro, desde a década de setenta. Com produção de áudio de Cesar Santisteban e arte gráfica de Melissa Maia, o disco saiu pelo Selo Rock Brigade Records.

Pois desde meados dos anos dez do novo século, Elizabeth criou com vários apoiadores essa espécie de "ONG" cultural, para visar abrir caminhos para shows com artistas do mundo do Rock underground; oportunidades para divulgação e também ao aventurar-se no mercado fonográfico, a lançar coletâneas. 

Tanto foi assim, que este álbum em questão, tratou-se do volume dois, lançado em novembro de 2017, ao caracterizar que já havia lançado um volume inicial anteriormente, nos mesmos moldes. 

Com apoio da Webradio Stay Rock Brazil, apresentou em seu bojo, uma participação maciça com bandas orientadas pelo Heavy-Metal ou Hard-Rock com raízes oitentistas e dos poucos artistas que não rezavam por essa cartilha, estávamos nós, e representados pela canção: "O Filho do Vodu", em faixa extraída do EP "Seja Feliz", da nossa banda, ou seja, um som considerado mais pesado, ainda que a nossa intenção fora totalmente inspirada no Acid-Rock e no Blues Rock das décadas de sessenta e setenta, em tese, mas ao pensar pelo prisma de quem produziu tal coletânea, obviamente sendo a canção de nosso repertório mais próxima do peso pesado dos demais artistas, digamos assim. Bem, uma novidade a mais para somar ao bom mês de novembro que estávamos a vivenciar.

Agora sim, a quarta investida da banda na curta temporada no Santa Sede Rock Bar, em 23 de novembro de 2017. 
Da esquerda para a direita: Kim Kehl com Carlinhos Machado ao fundo na bateria e eu (Luiz Domingues). Os Kurandeiros no Santa Sede Rock Bar de São Paulo, em 23 de novembro de 2017. Click, acervo e cortesia: Cleber Lessa  

Em mais uma surpreendente noite fria em pleno avançar da primavera, eis que tocamos então, com absoluta tranquilidade, ao realizarmos duas sessões com muitos blues; baladas e Rocks vigorosos. Mais uma vez tocamos no palco alternativo e que tornou-se marca registrada dessa mini temporada na casa e posso afirmar que todos gostamos dessa nova disposição, por vários motivos. Da questão da acústica à visibilidade nossa e do público, tudo pareceu ser melhor dessa forma.

Na primeira foto, o tradicional "Walk Solo" de Kim Kehl pelas dependências da casa e pela calçada, em click de Lara Pap. Na segunda foto, da esquerda para a direita, Renata Tavares; Cleber Lessa a segurar o CD do "Medusa Trio" e Fernando Tavares. Acervo e cortesia: Cleber Lessa. Click: Kelso "Zumbi". Os Kurandeiros no Santa Sede Rock Bar de São Paulo, em 23 de novembro de 2017
 
Recebemos a simpática visita do baixista superb, Fernando Tavares e sua esposa, Renata (baterista da banda Heavy-Metal, "Valentine"). E fui agraciado com uma cópia do CD, então  recém-lançado do grupo: "Medusa Trio", do meu amigo, Milton Medusa, guitarrista da pesada e onde Tavares é componente, sendo o baixista da banda. Ali mesmo na casa, o nosso simpático anfitrião, Cleber Lessa, já tratou de providenciar uma audição, o que foi muito agradável, sem dúvida alguma. 

Power trio instrumental de alto padrão, mas não preso ao mundo do Jazz-Fusion como geralmente espera-se da parte de músicos virtuoses e catedráticos, pela primeira audição, mesmo ao não prestar a atenção devida pois conversávamos, já deu para ver que não foi o que imaginei sobre o Jazz- Fusion, mas tratara-se de uma obra eclética, e muito agradável.

Mural a expor a discografia completa d'Os Kurandeiros e disponibilizado em redes sociais da Internet, ao final de novembro de 2017. Produção de Kim Kehl
Agora, o próximo passo foi realizar a quinta edição desse projeto bem-sucedido no Santa Sede Rock Bar, e encerrá-lo com chave de ouro, no dia 30 de novembro de 2017. E mesmo sendo uma noite ainda aparentemente fria em termos de temperatura, ao considerar-se a época do ano, um bom público compareceu às dependências do Santa Sede Rock Bar nessa noite de 30 de novembro.
Enquadramento sinistro com a banda em ação no dia 30 de novembro de 2017, no Santa Sede Rock Bar de São Paulo. Acervo e cortesia: Kim Kehl. Click de Lara Pap

"Pro Raul" (Kim Kehl/Oswaldo Vecchione) , no Santa Sede Rock Bar, de São Paulo, em 7 de dezembro de 2017.  

Eis o Link para assistir no YouTube:
https://www.youtube.com/watch?v=4oiHSbDnQyU

"A Noite Inteira" (Kim Kehl), no Santa Sede Rock Bar, de São Paulo, em 30 de novembro de 2017.  

Eis o Link para assistir no YouTube:
https://www.youtube.com/watch?v=LIgodSxltvg

"O Filho do Vodu" (Kim Kehl) (trecho - "Walk Solo"), no Santa Sede Rock Bar, de São Paulo, em 30 de novembro de 2017. 

Eis o Link para assistir no YouTube:
https://www.youtube.com/watch?v=ij21dYcUmrQ

Fizemos a primeira entrada com bastante Blues e Rocks internacionais e assim que o set inicial encerrou-se, eu fui cumprimentar vários amigos na plateia, que vieram prestigiar a banda. Foi quando recebi a notícia do falecimento de um ente querido. Sabia que a situação era periclitante e caminhava para tal desfecho ao considerar-se a idade avançada desse meu tio muito querido e sobretudo pela sua recente internação hospitalar que apontava piora em seu quadro, diariamente pelos boletins médicos emitidos. Mas claro, mesmo a esperar pelo desfecho inevitável que desenhava-se, a notícia teve o efeito de um soco no estômago e após fazer contatos telefônicos para saber a respeito de maiores informações sobre os procedimentos funerários advindos, meu ímpeto imediato em querer ir ao necrotério do hospital a fim de dar apoio às minhas primas, não logrou êxito na medida em que fui informado que não liberariam o meu acesso, por uma questão de praxe hospitalar. Portanto, mesmo com os companheiros e a própria Lara Pap, a nossa produtora, a deixar-me a vontade para decidir não fazer a segunda entrada e ir embora, vi também que minha presença em casa não precisava ser imediata, visto que a minha mãe estava bem amparada e apesar de triste pela perda de seu irmão, não carecia de minha presença urgente. Dessa forma, decidi prosseguir com a apresentação junto aos meus colegas e após uma segunda entrada muito boa, com um set 100% autoral, fui mais cedo para a casa, assim que a apresentação encerrou-se.

Uma foto que eu mesmo tirei de um detalhe da decoração do Santa Sede Rock Bar, antes do soundcheck iniciar-se. Reduto Hippie, por excelência, eis aí um "Magic Bus" ou "Magical Mystery Tour", bem sessentista. Os Kurandeiros no Santa Sede Rock Bar. 30 de novembro de 2017. Click e acervo: Luiz Domingues

Não costumo incluir aspectos mais pessoais/familiares no texto da minha autobiografia, que desde a sua primeira linha, versa pelo foco na minha carreira musical. Mas inevitavelmente alguns poucos fatos fizeram-se representar ao longo da narrativa, pela necessidade premente em algumas passagens relatadas sobre determinados acontecimentos ao longo da história. Feita essa ressalva, só queria deixar registrada aqui uma menção nesse aspecto mais pessoal, pois acho pertinente pelo personagem familiar que perdi nesse dia. 

É fato que esse meu tio que "partiu para o lado de lá", bem nesse dia 30 de novembro de 2017, enquanto eu tocava com Os Kurandeiros no palco do Santa Sede, foi um dos poucos familiares que sempre apoiou-me na minha decisão em fomentar uma carreira artística. 

Portanto, deixo aqui a minha homenagem e agradecimento ao meu querido tio, Sérgio Barretto, uma figura incrível e que possuía uma sabedoria mastodôntica, uma bondade rara e cultura geral avantajada ao ponto de eu nutrir uma declarada admiração por sua pessoa, desde a minha tenra infância. Fã inveterado de cinema, música clássica, Jazz & Blues, sempre incentivou-me, mesmo quando muitas vozes da família tomaram sentido oposto a criticar-me, velada ou abertamente por tal tomada de posição de minha parte. 

Chegou a ajudar-me, na medida do possível, quando tentou intermediar um contato com um artista que esteve com certa proeminência no mainstream da música brasileira, durante os anos oitenta e que por absoluta coincidência, meu tio conhecia-o desde a sua infância, pelo fato de ser amigo de seus pais. Escritor, com muitos livros publicados, meu tio propôs-me em outra ocasião, também nos anos oitenta, que eu musicasse um libreto por ele concebido para ser texto base para uma ópera. 

Por seu gosto pessoal, desejava o formato musical tradicional do gênero, mas ficaria contente se sua história fosse utilizada com uma roupagem ao estilo de uma "Ópera-Rock", igualmente. Não deu certo, mas o tema era bom (mais que isso, ótimo, eu diria), e futuramente planejo montar uma "crônica da autobiografia" para revelar essa passagem com maiores detalhes. 

Enfim, a conexão dele com o meu sonho Rocker, sempre foi sincera, no sentido de sua torcida pelo meu êxito, sem cair no julgamento e nos preconceitos inerentes que estigmatizam o Rock dentro do imaginário geral e incauto. E assim ele procedeu com entusiasmo, desde que iniciei os meus primeiros esforços nesse sentido e portanto, deixo aqui o meu profundo agradecimento por seu apoio, incondicional. 

Um dia reencontraremo-nos, Tio Sérgio, eu tenho certeza, quando voltarei a proceder da forma com a qual sempre portei-me a vida inteira quando estive consigo: ouvi-lo com atenção! Pois diante de uma pessoa sábia, a melhor coisa a ser feita é manter-se calado e absorver ao máximo o que ela tem a ensinar, e invariavelmente trata-se de uma pérola de sabedoria que é gentilmente compartilhada com seu interlocutor. Sou um afortunado por ter tido tal oportunidade em minha existência. Namastê!

De volta ao cerne da narrativa, a mini temporada no Santa Sede Rock Bar fora tão boa, com cinco quintas de novembro vitoriosas, que uma proposta surgiu: um show extra logo no começo de dezembro...
Uma outra boa nova, logo no início de dezembro de 2017: já estava encomendada na fábrica a segunda edição do EP "Seja Feliz", lançado no ano anterior e que esgotara-se. Em tempos onde o conceito do "disco", sob qualquer plataforma física que fosse, restringiu-se meramente a pequenas tiragens destinadas a um pequenino nicho formado por colecionadores, foi para comemorar-se bastante ter uma edição esgotada e a motivar uma segunda, tão rapidamente.
E por falar em sucesso, a temporada que realizamos no Santa Sede Rock Bar no mês anterior, a ocupar cinco quintas, foi tão boa que motivou o convite para um show extra. Ótimo, também acostumamo-nos com a dinâmica e esticar mais uma edição foi um prazer para nós. E lá estávamos nós na simpática casa hippie/Rocker da zona norte de São Paulo, na noite de 7 de dezembro de 2017.
"No Santa Sede Rock Bar, a inspiração vem das paredes"... essa foi a legenda que usei para espalhar essa foto acima, nas redes sociais. Uma clara alusão ao fato de haver muitas capas de discos importantes na história do Rock, coladas pelas paredes do estabelecimento, como decoração. Os Kurandeiros no Santa Sede Rock Bar, de São Paulo, em 7 de dezembro de 2017. Click e acervo: Luiz Domingues
 
Essa prorrogação da mini temporada de novembro, agraciada com uma apresentação extra ao início de dezembro, foi a confirmação de que fora mesmo um sucesso. Ao considerar-se os tempos difíceis em que vivíamos nessa segunda década de novo século, é óbvio que foi algo a ser comemorado, visto que tal dinâmica de um evento ter aumento de público, sob forma progressiva, mostrava-se um tipo de dispositivo perdido no tempo, certamente, e em plena era de ultra tecnologia imediatista, digital, e ao mesmo tempo sob total dispersão das pessoas, foi algo que chamou-me a atenção, positivamente. Sobre a apresentação, foi ótima, com longa duração, onde tocamos muitos temas autorais e clássicos, igualmente, e melhor ainda, a empolgar as pessoas, com momentos de euforia, incluso.

"Rock'n Roll" (Led Zeppelin), no Santa Sede Rock Bar de São Paulo, em 7 de dezembro de 2017. 

Eis o Link para assistir no YouTube:
https://www.youtube.com/watch?v=p6cMl0JAdIc

Dado o sucesso de mais uma apresentação nessa simpática casa, outra data foi marcada para o mês de dezembro, contudo, outro convite também surgiu-nos e foi aceito, ao configurar-se como mais um show de choque a ser realizado ao ar livre, em uma praça pública. Em mais uma realização do Centro Cultural da Pompeia, outra vez fomos convidados a participar de um evento, desta feita sob um quadrante inteiramente inédito daquele bairro, onde jamais havia sido feita uma feira dessa natureza.

Pois então, lá fomos nós participar do 1º Festival de Artes do Beco da Vila Pompeia, localizado na Rua Pedro Lopes, uma travessa da Avenida Pompeia, na altura de seu último declive, no sentido da Estação Vila Madalena do metrô. Para quem não conhece São Paulo, é bom esclarecer que tal avenida tem a característica de parecer um autêntico tobogã, tamanha a volúpia de suas ladeiras em progressão íngreme, com vários patamares em sua parte mais alta. Pois nessa tímida travessa onde tantas vezes passei desde a tenra infância, eu não sabia, mas ela culmina-se em uma praça e ali realizou-se a feira. Com uma boa quantidade de barracas a oferecer produtos de artesanato, fora comidas & bebidas, mostrou-se em minha avaliação um pouco maior do que a Feira da Lapa, da qual participamos pouco tempo antes e igualmente produzida pelo mesmo pessoal.

Os Kurandeiros em ação no 1º Festival de Artes do Beco da Vila Pompeia, em São Paulo, no dia 17 de dezembro de 2017. Click, acervo e cortesia de Anderson Affonso    

Muitas bandas apresentaram-se desde as dez horas da manhã, e nós estávamos escalados para atuar às dezenove horas. Quando chegamos, o "Fórmula Rock" estava a iniciar a sua apresentação, e o sol era abrasador na tarde quente de um quase verão, em pleno 17 de dezembro. Ficamos protegidos por uma providencial sombra a apreciar a boa performance dessa banda formada por amigos e a notar o quanto estavam a sofrer com o sol e a sensação de calor ainda maior no palco, fechado por lonas. Enfim, a sua simpática vocalista, Simone Bressan, por várias vezes foi hidratar-se ali atrás e en passant comentou conosco que estava absolutamente infernal atuar ali, pela alta temperatura. Destaco a extrema entrega da banda em sua performance, pois imprimiu um ritmo forte de mise-en-scène, como se o calor não a incomodasse, mas muito pelo contrário, estava a castigar violentamente os seus componentes. Assim que encerrou seu set, os integrantes desceram do palco inteiramente ensopados, literalmente, e muito marcados nos respectivos rostos e braços, principalmente pela intensa queimadura promovida pelo Sol. Simone Bressan, contou-me que havia prevenido-se com o uso de filtro solar de alta intensidade, mas nem assim evitara uma queimadura. E o guitarrista, Marcelo Frisoni, parecia ter saído de uma piscina com roupa e tudo, fora a impressionante coloração avermelhada que ostentava. Percebemos que também sofreríamos naquele palco, mas não no mesmo ponto, visto que em nosso horário previsto para atuar, haveria de estar a ocorrer o por do sol. 


Veio o "Pompeia 72", a seguir, e a temperatura estava um pouco melhor, mas ainda sufocante para fazer-se um show de Rock. Ao contrário da banda anterior que tocou muitos covers do Rock internacional setentista, mas apresentou ao menos duas composições próprias (e boas, por sinal), a turma de Gegê Guimarães & Cia, foi só com covers, a apresentar Hard-Rock britânico e setentista, em predominância. Chamou-me a atenção a atuação espetacular do baterista, Henrique Iafelice, que sabidamente tem uma técnica fenomenal e muito lembra-me o estilo do Zé Luiz Dinola, mesmo porque, quando eu atuava n'A Chave do Sol nos anos oitenta na companhia de Dinola, Henrique atuava em uma banda contemporânea e muito significativa na mesma ocasião, o "Zangoba", que coincidentemente também era influenciada pelo Jazz-Rock dos anos setenta, como nós d'A Chave do Sol. 

Não obstante ser um grande baterista, Henrique é de uma humildade impressionante, o que o torna um Ser humano especial, sem dúvida alguma. Pois tive o prazer de ver grande parte da performance do "Pompeia 72", sob o prisma da atuação do Henrique, bem de perto e apreciei muito admirar a sua técnica refinada.

Kim Kehl no destaque, com Carlinhos Machado ao fundo. Os Kurandeiros no 1º Festival de Artes do Beco da Vila Pompeia, em São Paulo, no dia 17 de dezembro de 2017. Click, acervo e cortesia de Marcos Kishi    

Já havia caído o sol quando entramos, mas ainda estava claro, naquele lusco fusco de fim de tarde / início de noite. Tocamos um set autoral inteiramente, a não ser pela inclusão de uma música do Raul Seixas ("Rock das Aranhas") e outra do Made in Brazil ("A Minha Vida é o Rock'n Roll"), mas no caso da canção do Made, pode-se dizer que tem relação com nossa árvore genealógica, visto que essa música é do tempo em que o Kim fez parte daquela banda, portanto, tem um elo emocional com Os Kurandeiros.

Kim Kehl em ação! Os Kurandeiros no 1º Festival de Artes do Beco da Vila Pompeia, em São Paulo, no dia 17 de dezembro de 2017. Click, acervo e cortesia de Marcos Kishi    

E a resposta do público foi excelente, com muita gente a dançar muito durante o nosso set, cantar e aplaudir, além de responder prontamente as brincadeiras sempre espirituosas do Kim, em sua performance. Já estava escuro e como não estava prevista a apresentação noturna, não havia equipamento de luz. 

Os técnicos terceirizados do PA, improvisaram alguns spots de luz de serviço para não ficarmos apenas com o fraco apoio da iluminação pública e assim, encerramos com pedido de bis, mas devido às circunstâncias, não dava mesmo para prolongar além do que propusemo-nos a fazer enquanto apresentação sob duração um pouco além do padrão do clássico "show de choque". Missão cumprida no "beco" da Pompeia, em 17 de dezembro, perante cerca de trezentas pessoas, aproximadamente.

Confraternização final após o nosso ótimo show no Beco da Vila Pompeia. Da esquerda para a direita: eu (Luiz Domingues), Kim Kehl, Carlinhos Machado e os organizadores do evento, Gegê Guimarães (guitarrista do Pompeia 72) e Marcelo Frisoni (guitarrista do Fórmula Rock). Os Kurandeiros no 1º Festival de Artes do Beco da Vila Pompeia, em São Paulo, no dia 17 de dezembro de 2017. Click, acervo e cortesia de Marcos Kishi 

Abaixo, um compacto da apresentação dos Kurandeiros no 1º Festival de Artes do Beco da Vila Pompeia em São Paulo, no dia 17 de dezembro de 2017.  

Eis o Link para assistir no YouTube:
https://www.youtube.com/watch?v=ObLon4L6_ow

E mais um vídeo isolado, a tratar-se de um trecho de Kim Kehl a solar. Os Kurandeiros no 1º Festival de Artes do Beco da Pompeia, em São Paulo, no dia 17 de dezembro de 2017. Eis o Link para assistir no You Tube:

https://www.youtube.com/watch?v=Nvi8V27FgeI    

O ano de 2017, estava a encerrar-se, mas Os Kurandeiros ainda teriam compromissos a cumprir...

Quase véspera de natal e Os Kurandeiros ainda em atividade a coroar o ótimo ano em que 2017, revelou-se para a nossa banda, dada a profusão de apresentações, a formatar uma agenda robusta e de certa forma a contrastar com a crise generalizada pelo qual o país ainda atravessava como um todo e com o seu reflexo imediato no show business. Portanto, fomos com alegria novamente ao palco do Santa Sede Rock Bar, para mais uma quinta especial, desta feita em 21 de dezembro de 2017.
Os Kurandeiros em ação no Santa Sede Rock Bar de São Paulo, em 21 de dezembro de 2017. Acervo e cortesia: Kim Kehl. Clicks: Lara Pap

E para coroar a ótima temporada que realizamos nessa casa em novembro, com direito a dois shows extras em dezembro, o show do dia 21 de dezembro foi espetacular pelo quesito da "animação". 
Tivemos a casa muito cheia e com momentos de euforia bem proeminentes, e isso deu-nos a sensação boa da reverberação perfeita que provocamos e cujo eco veio forte da parte do público, isto é, aquela decantada "sinergia" que sempre gostamos em estabelecer e nem sempre acontece, mas desta feita, veio forte, posso garantir e guardo na memória essa feliz conjunção de fatores que levou-nos a tal resultado.
O tradicional "Walk Solo" de Kim Kehl pelas dependências da casa. Foto 1  Kim Kehl. o guitarrista, Adilson Oliveira (Lee Recorda), e sua esposa sentada, a gesticular. Foto 2: A artista plástica e artesã, Pat Freire e Kim Kehl, além de estranhos nas imediações. Foto 3: Da esquerda para a direita: Rogério Utrila (radialista e produtor musical), Sandra Marque (produtora musical), Gigi Jardim (produtora musical), Kim Kehl e mais afastados, Jani Santana Morales (produtora musical) e Adilson Oliveira (guitarrista e radialista. Os Kurandeiros no Santa Sede Rock Bar de São Paulo, em 21 dedezembro de 2017. Acervo e cortesia: Kim Kehl. Clicks: Lara Pap

Prestigiado por muitos amigos, foi também o show de natal Rocker que veio a calhar para uma confraternização tão especial.
 
Uma boa nova, ainda nessa semana, Kim Kehl comunicara à banda que estava a trabalhar em uma nova compilação, desta feita a selecionar faixas ao vivo de diversos shows e assim, abriu-se a perspectiva concreta para o lançamento de um álbum ao estilo, "bootleg", a conter material ao vivo oriundo de várias ocasiões e não necessariamente tendo grande apuro no áudio. Pois no espírito de disco pirata, o que importa é a energia da banda, a tornar-se facilmente um item colecionável e importante para todo fã. Portanto, ficaria para o começo de 2018, tal novidade alvissareira.
O Power-Trio base d'Os Kurandeiros em ação no show de 21 de dezembro de 2017, no Santa Sede Rock Bar de São Paulo. Click, acervo e cortesia de Rogério Utrila
 
Mas o ano ainda teria um último compromisso e que realizar-se-ia em um simpático espaço noturno onde apresentáramo-nos anteriormente por três vezes, nesse ano de 2017, que findava-se. O Tchê Café...
E assim, fechamos o ano de 2017 com um show no Tchê Café, simpática casa administrada por gaúchos radicados em São Paulo, próximo ao aeroporto de Congonhas. Clima de fim de ano, com a cidade vazia a ostentar uma facilidade incomum para a locomoção, foi fácil ao extremo chegar no tal endereço em questão, quando em outras ocasiões, normalmente geraria um certo cansaço pelo trânsito pesado em avenidas como a Rubem Berta e Washington Luiz.
A banda em ação no palco do Tchê Café. Os Kurandeiros no Tchê Café de São Paulo, em 30 de dezembro de 2017. Acervo e cortesia: Kim Kehl. Foto: Lara Pap

Fizemos o soundcheck com tranquilidade e logo a seguir, iniciamos a apresentação. No entanto, assim que iniciamos a primeira entrada, o Kim sofreu com o amplificador ali disponibilizado, que apresentava problemas, todavia, após efetuarmos uma troca, com um outro aparelho, desta feita em ordem, foi incrível, mas o som no palco e via PA ficou bem encorpado e a preservar timbres com bastante qualidade, portanto, tal fator técnico aliado ao fato de que a casa lotou e mediante um tipo de público animado que interagiu bastante conosco o tempo todo, empolgamo-nos e fizemos um show bastante inspirado.
Outra foto da banda sob panorâmica geral. Os Kurandeiros no Tchê Café de São Paulo, em 30 de dezembro de 2017. Acervo e cortesia: Kim Kehl. Foto: Lara Pap

Tivemos as presenças ilustres de Fulvio Siciliano e do também guitarrista, Vander Bourbon, a prestigiar-nos, além do vocalista, Alexandre Ruger, que por ser um especialista em Rolling Stones/Mick Jagger, atua há anos em bandas tributos dos Stones (naquela atualidade em ação com a banda cover / tributo, "Rockinstones"), e este subiu ao palco para cantar conosco, duas canções dos Glimmer Twins: "Honk Tonk Women" e "Jumpin' Jack Flash", com uma atuação vocal e sobretudo pelo mise-en-scène, muito parecida com a performance do Mick Jagger, a demonstrar que realmente esmera-se em suas apresentações regulares, em bandas Tributo aos Rolling Stones. Mais que isso, Kim Kehl relatou-nos que Ruger era um músico com profunda formação erudita, tendo estudado composição e regência na Universidade e por ter nascido em uma família com muitos músicos ligados à música erudita, daí ter a sua sólida formação musical. Além de tudo isso, era um multi-instrumentista brilhante, portanto, mais um desses talentos incríveis que o Brasil não valoriza em detrimento em fomentar uma horrenda ode à subcultura e anticultura de massa, no patamar mainstream. Acostumamo-nos a conviver com tal realidade atroz, mas um dia essa inversão de valores há de cair... 

A banda a posar na parte externa da casa, minutos antes de dar início ao espetáculo. Os Kurandeiros no Tchê Café de São Paulo, em 30 de dezembro de 2017. Acervo e cortesia: Kim Kehl. Foto: Lara Pap

Foi uma noitada memorável pela euforia gerada e certamente coroou a última apresentação d'Os Kurandeiros em 2017, a poucas horas do encerramento desse ano e a anunciar o novo ano, 2018, que tinha tudo para manter a boa fase em que nossa banda estava. Como se não bastasse tudo isso, ainda tivemos o requinte em executar a releitura de uma canção do "Mixto Quente", banda pregressa da carreira do Kim, chamada: "Desprevenida".

"Desprevenida" (Mixto Quente), ao vivo no Tchê Café de São Paulo, em 30 de dezembro de 2017. 
  
Eis o Link para assistir no YouTube:
https://www.youtube.com/watch?v=41PFEl02-QA 

Os Kurandeiros no Tchê Café de São Paulo, em 30 de dezembro de 2017, com cerca de cinquenta pessoas presentes na casa. E assim, encerrou-se o ano de 2017, e cabe uma análise sobre tal período, que revelou-se tão fértil na carreira de nossa banda. 
Bem, o ano de 2017 mostrou-se muito produtivo para a nossa banda, não só pela agenda promissora que arregimentou-nos quarenta e dois shows ao longo do ano, o que foi um expressivo resultado ao levar-se em conta a nossa condição como artista a militar no patamar underground da música. Sem medo de cometer exagero algum, esse número foi tão extraordinário, que não tenho dúvida que ultrapassou a marca de muito artista considerado de médio porte, com infraestrutura muito maior do que a nossa, portanto, foi extraordinário ter tido uma agenda tão boa, em meio a uma crise institucional e crônica que assolava o Brasil como um todo e com o dramático reflexo no âmbito do show business / área musical e cultural em geral e a amplificar-se ainda mais se considerar-se que especificamente, o funil cruel estreitava o nosso nicho de maneira a sermos tratados como outsiders dentro do minúsculo universo do Rock underground. Portanto, ser Rocker atuante no panorama da avassaladora crise e da política de difusão completamente dominada pelos artífices da anticultura, representava uma morte lenta por inanição para qualquer artista, mas ante tal resultado, Os Kurandeiros tinham que comemorar e muito, por ter tocado ao vivo, tantas vezes, a alcançar uma média impressionante em contraste com as dificuldades imensas que desenhavam-se à nossa frente.
Mas não foi só pela construção de uma agenda histórica que deveríamos comemorar o ano de 2017. O fato de termos conseguido lançar mais dois álbuns, ao tratar-se de um CD com inéditas com formações anteriores ("Sete Anos"), e o outro sendo uma coletânea a mesclar material antigo e/ou engavetado e inéditas/ao vivo de nossa formação, incluso ("O Baú dos Kurandeiros"), também foi um ato heroico, a seguir a mesma linha de raciocínio anterior, ou seja, ante a crise geral, a derrocada da indústria fonográfica, a dispersão completa do público pela pulverização fútil proposta pela internet e principalmente pela massacrante formação de opinião em favor da anticultura etc. E ainda tivemos o convite para participar de uma coletânea coletiva produzida por terceiros, outra boa nova, via "Quem Sabe Faz Autoral/Volume 2". 
No campo do merchandising, graças ao dinamismo da produtora Lara Pap, e com o total apoio incisivo de Kim Kehl, também foi um ano promissor, com muitos lançamentos a movimentar bastante não só o caixa da banda, como a produzir fatos novos em ritmo constante, portanto a agregar enquanto notícias geradas e bem comentadas pelas redes sociais da Internet.
Em suma, foi um ano muito bom para Os Kurandeiros e fora tudo isso que arrolei para ser comemorado, já abriu, por conseguinte, uma perspectiva alvissareira para 2018 ser igual, quiçá melhor, assim desejávamos, certamente. E a reforçar tal conceito com um dado concreto, ao final de 2017, os esforços por parte de Kim Kehl a produzir um novo álbum a ser lançado no início de 2018, a conter material gravado ao vivo pela nossa formação e com acréscimos de material mais antigo, a apresentar também gravações perpetradas por formações anteriores. 
 
Sendo assim, em 2017, levamos ao pé da letra a máxima proferida em 2016, quando a banda bradou aos quatro ventos: Seja Feliz! Pois não só cumprimos tal profecia e passamos a revirar o Baú d'Os Kurandeiros com bastante vigor, mas também fomos tocar muitas vezes pelos palcos da Grande São Paulo, em 2017, ou seja, como dizia o Sérgio Sampaio: "botamos o nosso bloco na rua"...
Que viesse 2018, com mais um ano de labuta & realizações para Os Kurandeiros!  

Continua...